sábado, 31 de julho de 2010

Papo Rosa


- Oh, Eduardo. Você viu que domingo foi a parada gay aqui em Belo Horizonte?

- Uai menino, claro que eu fiquei sabendo.

- E você foi lá?

- Eu? você é doido, aquele monte de viado, de bicha.

- Mas você não é gay?

- Mas quem disse que eu gosto de bicha, eu gosto é de homem!

Depois disso segui o conselho da Thaís Pacheco do Falaram por aí e "chuchei" o dedo dentro do nariz.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Nosso coletivo do dia a dia

Tá certo. Ir trabalhar de carro é bem mais prazeroso, você seleciona o playlist, abaixa as janelas pra descansar o rosto no vento e se diverte, pelo menos pra esse sujeito de osso e pele, dirigir é um divertimento (dirigir não, pilotar, porque quando o trânsito vira um Tetris deixa de ter graça).

Mas algumas pérolas só nos ônibus coletivos. Estava eu calmamente indo ao trabalho com meu guia de viagens traçando rotas quando de repente, gritos, ripas, palafitas e barracos dentro do ônibus. Não sei o que estava acontecendo só conseguia prestar atenção no seguinte diálogo:

A - Vai, vai, to-to-tomar nos seus inferno. Vai to-to-mar no seus infer-fer-no.
B - Cala a boca rapá, senta aí e fica quieto.
A - Vem, vem, fa-fazer, to-tomar no seus inferno, chi-chifrudo.

Engraçado essa ética. O cara nem chamou o outro de gago.

O ônibus arrancou, os dois sentaram e a viagem seguiu. Imaginei que deve ser impossível um gago conversar com um veículo em movimento.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

É a luz


Não sei bem de onde veio todo esse fato comum, talvez seja um dos motivos que me unam tanto aos meus amigos. Vá saber, mas todo amigo meu tem um certo medo de assombrações, fantasmas ou espíritos (já diria Leandro Rodrigues, os espíritos japoneses são os piores). E é sobre ele esse caso.

Evidente que nenhum amigo tenha chegado próximo ou de longe de coisas fora do plano terrestre (até por que se tivessem estariam internados devido ao choque, choque no sentido de medo "borra calças" mesmo). E é claro que nas nossas reuniões o assunto é corrente, porém a prática, como assistir a filmes do gênero ou participar de coisas espirituais é algo praticamente fora de questão.

Até se tenta, mas as pessoas "mais corajosas" do que nós sabem muito bem o que acontece quando alguém da turma "caga na retranca" tenta ao menos assistir algo parecido. De passagem Marcus Vinicius diz que o A Profecia (1976) é a pior coisa que já assistiu (o pior não se refere a má produção, é pior de coisa ruim), a coisa que modificou sua vida (nesse caso fez com que ele tivesse mais medo de vultos). Ou quando 7 marmanjos e duas moças tentavam assistir ao Exorcismo de Emilie Rose (só a palavra com x seguido de o  já me mata do coração, exorcismo deveria ser excluído do dicionário) e os sete rapazes não duraram ao menu de inicio do filme (já digo que foi o menu mais assustador que já vi).


Mas o caso de fato sobre o Leandro beira quase o ridículo. Um dia em minha casa (que fica no meio do espaço, com uma grande área a frente e uma grande área aos fundos), que adora receber visitas noturnas dos gatos de rua que prestam somente para aumentar o macabro, caminhavam pelos telhados, as árvores balançam próximas as janelas, 01h20 da manhã, quando em um passe de mágica, melhor num ato sobrenatural uma luz azul ilumina todo o quarto saindo do chão sentido ao teto.

- André, que luz é essa?
- Uai Leandro, não sei, tá perto do seu colchão
- Aí meu Deus, (cabeça de Leandro embaixo do edredon)
- Fudeu (a minha cabeça agora debaixo do meu edredon)

Aquele plasma azul que não ia embora, mas em um ato falho, a gente resolve acompanhar a direção da luz. Um buraco no chão, uma nave espacial para nos levar ao superior racional, uma passarela para o inferno, o fim dos tempos, um disco do Engenheiros do Hawaii, um novo big bang e de repente Leandro anuncia com voz tremula:

- Hehe, era uma mensagem no meu celular!

domingo, 4 de julho de 2010

Acaba a copa, pra nós e pra elas


Acaba-se o tempo regulamentar. Todos os xingamentos a Dunga ou Felipe Melo passam pela sua cabeça. Velório, você não sai do sofá. Nesse mesmo minuto ela já está no telefone com uma amiga marcando a caminhada, a ida ao shopping ou onde tomar o suco de clorofila.

Você continua no sofá. Ela acha que o universo "copístico" já terminou, como se a saída do Brasil sempre representasse a subida do casting, do letreiro do filme. Você sentado no sofá, algo precisa ser feito. Uma nova equipe a torcer e a espera por uma possível cara de choro do fanfarrão Maradona Corleone.

Você marca com os amigos onde assistir a derrota Argentina e onde serão feitas as resenhas sobre os jogos finais, pelo menos em Belo Horizonte, o horizonte não despertava tanto interesse nesse dia.

Você sai ao trabalho como se te faltasse um pedaço, ou querendo arrancar um pedaço de qualquer coisa Melo que vista a camisa de número cinco. Pra ela a vida já voltou ao normal há muito tempo.

As redes sociais anunciam os moralistas solucionadores de problemas sociais esquentando a bunda nas cadeiras resolvendo o mundo por twitadas "agora que a copa acabou o povo pode pensar nas eleições" "O futebol é o ópio do povo".

Os mesmos que anunciaram as mensagens acima esqueceram de ler, que o Índio da Costa (aquele que disse que estudará o Brasil, "mas só agora Índio?") é nomeado vice do Serra e que nas pesquisas espontâneas Dilma já é líder. O futebol  não é o ópio do povo. O futebol é o pão com manteiga do café da manhã, tão rotineiro e natural como um bom dia.

Mas não ligue, a marcação da manicure é pra ela tirar os mata atlântica e amarelo ouro das unhas, o verde e amarelo deixa de fazer parte do seu guarda-roupa e sim, ela marcará aquele almoço e o cinema com você no próximo domingo. Isso no dia da final da copa do mundo. O argumento dela pode até parecer melhor "você não sai da TV, a gente não sai, o Brasil perdeu".

Concorde com ela, mas peça pra escolher o restaurante. Assim você certifica dos serviços da casa e claro, reserva a mesa em frente a uma TV. A gente se afogou, mas o mar está lá, esperando ver quem será o ultimo a ficar em pé na prancha do futebol mundial.