domingo, 30 de maio de 2010

Dança nos Andes


Relembrando algumas presepadas pela Bolivia me lembrei desta.

Logo que cheguei a capital andina já havia percebido que a história da altitude realmente não era lero-lero do Galvão Bueno. Não que tenha sentido falta de ar, ou pela arritimia atacada de Mauro, o companheiro de mochila, mas na hora que fui comprar meu primeiro maço de cigarro vi que o negócio era sério.

Claro que não vendiam Souza Cruz pelas bandas mais altas da América do Sul. Estava preparado aos Marlboros e Lucky Strikes no meio do caminho, o que me surpreendeu foi a quantidade de cigarros por maço. Na terra do pão de queijo são 20, nas terras das empanadas 7. Mas como sete cigarros? Aquilo era conversa pra turista e eu que já estava em solo andino a longos 3 ou 4 dias me sentia o mais Quechua ou Aimara dos "Evos Morales das Bolivias". Evidente que comprei um maço com 20 cigarros. Só o fato de fumar já assustava meu amigo Mauro. Ele nem pensava no que eu poderia fazer a noite.

Nesse ponto da viagem já nos acompanhava um grupo do sul do Brasil e outro chileno. Era domingo, não havia muito o que se fazer, mesmo sendo a capital do país. Custamos, mas mineiro busca o cheiro do álcool como o cachorro corre atrás do rabo, achamos. Bar feio, sujo, pra lá de fim de noite e isso na região central da "rica" La Paz.

De repente, não mais que de repente, escuto gritos de "tigre, tigre, tigre". Era um animador dentro de uma boate boliviana e tigre era o grito de guerra do The Strongest um dos times locais de futebol, não ia perder aquilo. A malandragem boliviana existia e estava a um passo dela.

Entramos. Nosso grupo todo correu para as mesas, alguns copos de pisco e todas as musicas latinas possíveis: Salsa, mambo, merengue. Nosso grupo sentado e como em qualquer lugar, turista chama atenção. Sou convidado pra dançar. Fumante a 3.600 metros e dançar? Tá certo que não danço nada, mais danço de tudo. Era uma imagem a defender, brasileiro tupiquiniquim. Aceitei. Apesar da donzela andina não ser nem um pouco fisicamente interessante.

Bastou um cheiro e um movimento dos quadris femininos para que se entrasse no ritmo. Sim, dancei como um menino que corre pro recreio, nem eu acreditava que estava de pé, não pelo sentido machista de não negar fogo, mas pela vontade de vencer a tal altitude da cidade, rodava, rodopiava e já levava la mujer com meus passos (mais "forrozados" do que "salsisticos" como pedia a música) de salsa só os chutinhos pra lá, chutinhos pra cá. O resto foi escapar das ofensivas de "brasileños son hermosos, calientes". Elegantemente escapuli da tal moça. Algumas horas sem parar, sem necessidade de balões de oxigênio, folhas de coca ou soroche pills (comprimido para mal de altitude). Dali pra frente a falta de ar não seria mais problema.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A arte do mal cumprir

Como no último post, qualquer semelhança das alegorias abaixo com a realidade, é mera realidade.

- Velho você não sabe o que aconteceu

- O que foi? diga Afonso do Neno.

- Andei de ônibus, de novo

- Uai, mas você não disse que jamais, em hipótese alguma, nunca mais andava de ônibus.

- Pois é, mas tava quente, ensolação.

- Ué, mas você não queria uma bicicleta, bicicletinha, sei lá.

- É falei que só ia andar a pé, mas a corrente da bicicleta quebrou

- E você vai e corre pro ônibus?

- Ué, tava ali, tinha lugar pra sentar, eu sentei. Mas a bicicletinha já tá arrumada, apesar de cair dela vou ver se consigo dar uma pedalada.

- Você deixa de andar a pé e quer aquela bicicleta quebrada da Lily Allen?

- Ué, ué

- E o ônibus?

- Já até perdi o horário dele.

- Anda difícil confiar nas suas promessas hein...

terça-feira, 25 de maio de 2010

A Arte do mal mentir

Qualquer semelhança com a realidade é mera realidade...

- Alouuu?

- Opa, fala João Antônio.

- Aqui, tenho uma má e uma boa notícia.

- Não importa a ordem, manda a pedra.

- Então, meu irmão começou a dizer que o carro tá sem seguro e coisas do tipo.

- Que merda!

- Mas ele tem umas diárias de brinde na locadora de veículos. Foi lá buscar o carro.

- Que susto seu filha da puta. Então a gente vai pro Congresso do Rámon Tchano.

- Isso garotão, tudo certo. Falei pro meu irmão que a gente ia fazer um curso em Goiânia.

- Uai, mas você não disse com sua noiva que ia dar uma palestra?

- Falei.

- Não é meio arriscado duas mentiras num ciclo familiar tão próximo?

- Hehehe (risada longa e pausada, do tipo, eu sei.).

- Te pego em casa antes de esfriar.

- Você fez o mapa?

- Tranquilo eu conheço a estrada.

- Isso é outra mentira?

- Hehehe (das mesmas caractéristicas acima)

Nos perdemos, erramos o caminho. Chegamos e o show, quer dizer, o congresso foi ótimo.

P.S: Vocês não conhecem nenhuma das pessoas acima, caso contrário, faça o contrário do que está pensando.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Elas são melhores do que nós, mas não precisa espalhar

Mulher é ponto final, homem é vírgula, no máximo ponto e vírgula. Li esta frase hoje em uma das crônicas do ultimo livro do Xico Sá. Nela, ele explica a forma e a coragem que só a mulher tem de colocar o ponto fim nas coisas. A gente, bicho Adão, dono da costela se esconde sempre nas reticências...

Estava aqui pensando com meus botões, essa nossa mania de ser o ser. O cara que dirige o carro, que recebe a conta, que apressa o passo. Muitas mulheres sabem do agrado disso e levam quase todos nas mãos, fingem orgasmo, deixam o Allan Delon escolher o caminho até o restaurante, ficam do lado de dentro da rua e realmente fazem o homem pensar que ele está no comando, que pena de nós!

Mas sabe o que é de fato o calcanhar de Aquiles. São as mulheres que entendem dos assuntos, que outrora, deveriam ser masculinos. Que constrangimento causa uma mulher que realmente entende o futebol, por exemplo. Escalações, formação e até a "cafusa" lei do impedimento. Imaginamos na hora que aquela guria, logo a nossa frente, está a criar testosterona dentro do seu corpinho, que na cabeça dos mais "capiais" deveria nos satisfazer e não nos afrontar.

Mas aí está, mulher moderna, dona do lar, do contra-cheque mais gordo e nós Neandertais, a enganar a nós mesmos, pensando que o timão do barco está no nosso comando. A espécie do XY, sabe, como sabe, que elas são melhores em tudo. Mas talvez seja melhor assim, a gente finge. Finge que não sabe de nada e elas. Bem elas ignoram. Pra que discutir o certo. Isso é coisa de homem.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Dia de sorte

Ainda eram 19 horas e 40 minutos e meu trabalho estava terminado. Podia ter simplesmente saído e pegado o caminho de casa, mas como era dia de jogo e havia marcado com dois amigos para assistir à Cruzeiro x São Paulo, fiz hora.

De repente, a chuva começa, 20h15min, pego minha carteira e sem dinheiro nem cartão (pra que a carteira!), resolvo cancelar o encontro, vou-me para casa. Caminho até tranquilo, um pouco mais lento devido a chuva.

Dentro do ônibus, um camarada de péssimo gosto liga o celular no fone externo e despeja todo seu playlist de pagodes e funk no meu ouvido e eu cansado, ali, querendo chegar em casa. De repende escuto um som de metais marcados, trumpetes. Sim, sim, o cara no meio de tudo tinha um musica do Mutantes, pains at circences, mas ele muda a faixa. Não é um dia de sorte.

Do nada o onibus para no meio do anel rodoviário, outros carros também, 21h10, o ônibus que já estava pra lá de lerdo, estaciona. Sem dúvidas, um engarramento nas três pistas do anel. E agora? Parados há 20 minutos o mesmo cara do meu lado liga a Rádio Itatiaia. "Daqui a pouco os times sobem para o gramado do Morumbi e em Belo Horizonte uma carreta em L fecha três pistas do anel rodoviário, não há confirmação de vitimas e nem previsão da liberação do trânsito.

21h40. Desço na altura do bairro olhos d´agua e com a chuva caminho no sentido contrário ao engarrafamento, atravesso o anel na esperança de um ônibus no outro sentido. Acendo um cigarro. Primeiro lance de sorte. Para uma ambulância:

- Empresta o fogo?

- Você vai pro BH Shopping?

- Sim, vamos lá, mas vem na frente que aí atrás tá vomitado.

Uma carona de ambulância vomitada me tira da chuva. Agora no ponto para um outro ônibus de trajeto diferente. 21h50, descubro que Kébler já foi expulso. O ônibus chega e todo mundo sai correndo, cena grotesca, parecia aqueles eventos onde todos saem correndo pra pegar um pedaço de bolo quando BH faz aniversário.

Na roleta, 1 x 0 São Paulo. O jogo já era, como meu humor, minhas roupas e meu all star branco.

Depois de toda luta consigo chegar em casa. Ah, entro, pego um copo com água e São Paulo 2 x 0. Não é possível que tudo possa dar errado assim. Vou pra cozinha pegar um copo com café. O café havia acabado. Merda, vou na bolsa buscar um cigarro e...

O cigarro também acabou. Espero que um tijolo de construção não caia na minha cabeça na hora de acordar. Cruzeiro eliminado e meu adiantamento de salário não sairá no dia.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O Semeador


Não sei bem de onde veio a admiração por Van Gogh. As primeiras lembranças que tenho são de meu pai comentando alguma coisa sobre ele. De certo modo aquilo ficou. Alguns livros, citações, filmes e claro várias telas, fizeram a admiração aumentar. O primeiro caso a despertar minha curiosidade é o fato de Van Gogh ter vendido apenas um quadro em vida. Um dos maiores pintores da história das artes e um quadro em vida? Mas foi exatamente isso. Seu irmão, que era Marchán em Paris (isto é, comercializa obras de pintores) conseguiu vender apenas "A vinha vermelha em Arles".

Há várias histórias por volta de Van Gogh, algumas delas retratadas em filmes como Vincent e Theo, de Robert Altman ou livros como a biografia escrita por sua cunhada. Porém a melhor fonte de informação vem do livro "Cartas para Théo", reunião de cartas escritas pelo próprio Van Gogh para seu irmão, relatando tudo aquilo que pensava e sentia e não era pouco, para um maluco que enxergava quase tudo em amarelo.

Há muito para se falar quando o assunto é Vincent Van Gogh, o que eu posso falar é pouco. Abaixo a letra feita inspirada na tela acima, O Semeador. Com melodia, sempre, de Leopoldo Rezende.

O semeador de Van Gogh

Seu céu está de amarelo
Amarelo como o enorme sol que pinta
Amarelo como elo da flor que sinta

Anda solitário no olhar
Escondendo-se atrás do chapéu
Olha pro vento, olha pro ar
Olha o chão não olha o céu

O que me leva a perguntar
Fugiu das casas ao fundo apenas para semear ?

Veste-se no mesmo tom da arvore ao lado
No mesmo marrom pra não ser devorado
Pelo seu amarelo solar

È outono semeie, semeador
Que cresçam frutos e colha flor
Do chão que te enfeita

Não precisa saber o caminho de volta
Do lado do sol estão as casas, o lar
Está aberta a porta
Esperando você chegar

domingo, 16 de maio de 2010

Desafiando

Acontece às vezes. Você está parado trabalhando, quando alguém chega e diz: duvido que você faz tal coisa. Essa psicologia infantil, vez ou outra, funciona comigo. Havia enviado um caminhão de letras pro Leopoldo Rezende, que até aquele momento não havia trabalhado em nenhuma, porque outros trabalhos de prazos mais urgentes o ocupavam.

De repente me chega um vídeo da Elis Regina cantando Vento de Maio, parceria do Lô e do Marcio Borges (Vento de raio, rainha de maio, estrela cadente...) e a frase "duvido que você faz uma letra com a palavra pique-nique, igual a vento de maio (rainha de maio, valeu o teu pique, apenas para chover, no meu pique-nique). Duvido que você faz uma letra com pique-nique, Paralelepípedo, badulaque e tamborim.

Mas como assim dúvido que você faz. Parei tudo que estava fazendo, peguei um copo de café, dei um tempo no trabalho formal e de carteira assinada e fiz. Pronto!

Como sempre, a coisa necessitava de pressa e recorri ao bairro de Santa Tereza em Belo Horizonte. Escrevi a letra abaixo com a seguinte obrservação: A letra está aí, mas você não vai conseguir cantar paralelepípedo. Resultado. A música ainda não tem melodia e Leopoldo se pôs a trocar a palavra paralelepípedo por outra qualquer. Eu avisei... Tá certo, oh palavrinha feia!

Ecos de Santa Tareza

Ainda não sei porque
Os paralelepipedos brilham mais
Em Santa tereza Minas Gerais

E os ecos que vem pelas ruas
São os violões, bandolins
Sanfonas, badulaques e tamborins
E o que só acontece por aqui

Nas ruas são casas, butecos, butecos e casas
E velhos, crianças e piqueniques nas praças
E senhoras, mulheres e graças, a reza
O passo que aperta, o viaduto que passa depressa

E as esquinas, são finas de sons e mil tons
O cheiro, a cerveja, a mesa que salta na sorte
São Brants, São Britos, Nascimento e Borges
Beleza, bem-vindo e vindo à Santa tereza

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A inversão das ordens

Quando nasci estava na cara que não seria um musico. Chorava desafinado, todos os tambores e guitarrinhas que ganhava, eram devidamente quebradas. Fui crescendo e até tentei, mas o violão machucava os dedos e é sem jeito pra carregar. Instrumentos de sopro precisam de fôlego, bateria ou percussão nem em idéia carregar aquilo tudo.

Mas meus amigos todos tinham ou tem um tino musical, então tive que tentar. Mas não deu, nessa hora caiu a ficha. Todo mundo toca, todo mundo canta, mas canta o que? Aquilo que eu poderia escrever...

Então assim eu comecei, com Davi, Marcus, mas com o Leopoldo Rezende, o Piroldo, que o "trem" (no sentido mineiro e literal da palavra) engrenou. Daquele jeito, ele talvez o melhor "tocador de violão" que eu conheci, pegava minhas letras e voltava pro bar cantando.

Sempre foi assim, escrevia, alguém pegava, comia e vomitava a musica. A situação a seguir foi justamente o contrário. Leopoldo inventou uma tal de suít ferrovia, que dizia ser a melhor coisa que havia feito, seu xodozinho, mas não estava conseguindo colocar letra na bicha e me entregou as melodias.

Nunca tinha feito isso e ia começar logo com o dengo do Leopoldo, altamente perfeccionista, foi a primeira fez que tive receio de enviar algo pra ele, a primeira fez que realmente deu trabalho e não me trouxe tanto prazer o labor de buscar a palavra certa pra cada nota.

Mas acabou que deu. A primeira era um tema sobre Minas, puxei na cabeça a história e acontecimentos do meu estado e saiu a letra abaixo. Não posso negar que em cima da melodia me deu um orgulho danado.

Minas

Emboaba vem dizer que
Não é terra de ninguém
Terra fim já tem seu dono
É mineiro o que convém

Fé que cega
Sorte prega
Ladeira que vai passar
Morro velho
Sim de perto
Meu barroco a moldar

Liberdade não deve ter fim
No corpo rasgado aqui
O teu sonho é meu sonho
Ainda tardia sem ti

Pó de ferro
Ouro eterno
Procissão que vai marcar
Pedra e pedra
Caminho cerca
As montanhas vão guardar


Marca que passa corrente
Trilha que marca sempre

Esqueceu-se de mim
São caminhos com mil fins
Estações de chegar
Pra depois partir

Embora
Agora não demora
Pra ter, ou ir não viver

Implorar ou morrer
Fé pra quê

Nó de negro
Que corre pra se esconder
E há rosário
E há a fé de se tentar
A vida

Emboaba vem dizer que
Não é terra de ninguém
Terra fim já tem seu dono
É mineiro que diz amém

terça-feira, 11 de maio de 2010

Transa

Certo dia, depois de alguns copos de algumas coisas, alguns cigarros, na sempre Santa Tereza. Casa de Izabela Linke, dois músicos brincando de violão me chamam pra brincadeira. "Você não escreve, escreve aí" Então mais alguns copos, no tempo do cigarro se transformar em brasa, saiu a coisa aí debaixo. Transa...

Eu me perco nos seus lábios
Nos seus grandes lábios
Na sua boca

Esqueça da alma
Deixe nossos corpos
Alguém diria
Ou deveria dizer

O peso do seu corpo no meu
Corpo pesando no seu
O desespero de um milhão
Querendo ser gente, que não serão

Faz, volta, entra, sai, penetra o coração
Corpos quentes, chama, reclama atenção
Sai, sai, meu fio de tensão
Pé com pé, coxa e coxa, fala e mão
Dedo e dedo desnuda a ação
Parede, parede, porta, colchão

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mini Mulher Paceña

Acho que já posso correr a volta da Pampulha ou a maratona de Nova York. Andar quinze quarteirões fumando em La Paz, talvez não seja pra qualquer um. Estou completamente encantado com esta cidade, que não se entrega ao meio termo. O ar sopra história, é um ar com personalidade (mesmo você duvidando que exista ar nos seus 3.600 metros), são ruas marcadas pela tradição com artesanato, comida, cultura e esgoto correndo a céu aberto. Quando, por acaso, estiver por aqui, com certeza não se passará despercebido: amor ou ódio em La Paz.

Foi caminhando aqui do centro administrativo na Plaza Murillo até a Plaza del estudiante, e não me pergunte porque caminhando, já que um taxi pra esse percurso não passaria de dois doláres (dá pra ver que quase não chego vivo lá). Começo a desconfiar que os bolivianos daqui tenham três pulmões.

Ainda não descobri o porque de visitar esta parte de La Paz, praticamente européia, como um bairro nobre de Belo Horizonte, mas já que estava por ali não resisti a nossa origem ocidental consumista e me entreguei a um sorvete de flocos, nada andino, sentado numa praça da área chique da cidade que conheci essa "Mini Mulher".

Conversava com um amigo e ela me olhava e ria. Não me contive e devolvi o riso e com a maior calma do mundo ela veio me perguntar. És brasileño?

Fiquei deslumbrado, imaginando: serão meus traços tupiniquins, minha áurea brasileira. Imagine, eu mineiro com esse jeito de achar que somos a gente mais especial do mundo, aumentado pelo vigor de ser brasileiro fora do Brasil. Seria meu gingado, perguntei a ela:

- Como tu sabes chiquita?

- Por la voz!

Vejam só, pensando mil coisas e para meu ego, o som lusitano que me entregou. Mas bom saber que o português foi ligado diretamente ao Brasil e não a Portugal.

Conversamos pouco, muito pouco. O suficiente pra saber que ela tinha seus 15 anos e trabalhava com algo parecido com enfermagem para ajudar em casa. Não havia tempo para estudar (muito comum, não?). Não acredito que não perguntei seu nome. Ela se foi rápido, provavelmente a caminho do trabalho.

Será que era perto dali? E se fosse a hora do lanche, ela ficou sem comer? Ela deu seu tempo pra mim. Não sei se ela se lembra deste brasileiro, certamente não.

Espero que esteja bem.

De volta a volta

Olá a todos!

Depois de muito tempo, meus pensamentos e planos de bolso estão de volta.

Aquelas destinadas a serem canções ficam, ficaram ou ficarão conhecidas ou não, pelos dedos de Leopoldo Rezende, Davi Bretas ou Marcus Vinicius ou por quem não tiver a vergonha de "musicá-las".

O restante fica entre você e eu. Aqui por enquanto ficará tudo aquilo que não couber em 140 caracteres, textos novos e coisas que vou encontrando pela casa.

Este é meu plano de Bolso.