Ansiedade e até desespero. Todos aqueles que gostam de futebol contavam os dias para receber novamente seus clubes em Belo Horizonte. Tudo isso dentro de um estádio moderno, que por fora lembrava as mais novas construções do século XXI.
Por dentro, ah... por dentro. Os problemas de visibilidade, bilheterias, entradas, saídas e todas as outras já relatadas por imprensa e por torcedores que pisaram no novo estádio do Horto, já foram ditas. Mas alguém pensou no cordão umbilical ou quando o projeto estava na placenta?
Alguns oriundos das áreas exatas, às vezes, quase sempre aos berros perguntam o porque de estarem sentados dentro de uma sala de aula com professores de Antropologia, Sociologia ou Filosofia. Já que estão ali esperando os cálculos da HP, os traços do concreto ou os balanços e relatórios do fim do mês.
A prova está aí, o novo e moderno estádio Raimundo Sampaio. Se a equipe de engenheiros, arquitetos e sei lá mais o que, tivessem assistido alguma das aulas citadas acima, boa parte dos problemas apresentados não teriam aparecido.
Porque eles saberiam que seu povo, de origem latina/negra/indígena, é emotiva ao extremo e que um estádio de futebol faz suas emoções irem ao ápice. Saberiam que pelo tamanho da agonia, quase ninguém consegue se sentar, tamanho o nervosismo apresentado. Se você, em um show, dentro de um teatro fechado, já ensaia se levantar nos primeiros acordes mais acelerados (ou nunca fez isto?). Imaginem uma partida de futebol.
Recordariam (ou pesquisariam) que o antigo estádio da Pampulha tinha degraus enormes (alguém se recorda da aventura dos passos largos para descer as arquibancadas do Mineirão) justamente para que, se todos ficassem em pé, um não atrapalhasse a visão do outro.
Mas não, o Independência resolveu jogar no lixo o costume do seu povo e pensaram de fato, que todos que fossem ao estádio, estariam devidamente sentados como em uma ópera (e isso em todos os setores). Apostando nisso, até a área de deficientes físicos fica no nível dos demais assentos. Assim como uma fila após fila das arquibancadas, quase todas no mesmo patamar, quase ninguém vendo nada.
Ah, aquele tropeiro no intervalo do jogo, tão típico do povo mineiro? As cozinhas não são aptas para manipulação de alimentos, não há gás canalizado e etc. As novidades aderidas por todos, não, não. Internet e celulares não funcionam.
Será que foi uma empresa norueguesa que realizou todo o projeto do novo estádio? Acho que não, provavelmente eles teriam estudado os costumes daqui.
Mas você não sabe como é um planejamento de engenharia civil ou coisa do tipo. Realmente não sei, sou só o civil que passa raiva com a falta de estudos com um projeto desse tamanho...
(P.S:
Amanhã vence o prazo de 30 dias para que Ministério Público Estadual, Crea-MG e Corpo de Bombeiros deem seus pareceres sobre três opções apresentadas para solução da visibilidade, se o problema fosse só esse...)