segunda-feira, 21 de maio de 2012

Encontrando alguns irmãos



Há exatos nove anos, estava a caminho da Rua Alvares Maciel com destino ao Lapa. Primeiro sentado em um bar de esquina junto a avenida Brasil, já que a movimentação era tranquila, afinal a casa tinha limite para 1.500 ou 1.700 pessoas, não recordo.

Naquela noite, após uma semana de lançamento do álbum "Ventura", eu entrava para o primeiro de cinco shows do Los Hermanos. Euforia, todos cantavam tudo. Surpresa inclusive para Marcelo Camelo que precisou de uma pausa após "O vencedor" para tentar entender o que estava acontecendo.

2012. A primeira impressão era de preguiça. Meninas na pré para a adolescência se ajeitavam na fila para o Chevrolet Hall às 16h (três horas antes da abertura dos portões), enquanto eu ainda procurava por um boteco aberto. Entro próximo do horário, tranquilo como ha nove anos atrás. A primeira música, como ha nove anos atrás...

Não era a mesma emoção de ver seu time campeão pela primeira vez, mas era a emoção de ver seu time campeão. O tempo passou, o público diversificou (que ótimo isso) e sem parâmetros para o número de pessoas alcançadas, lembrava do primeiro acorde lá em 2003, alguns amigos com menos cabelos, com mais peso e outros que já não estão mais aqui.

Feliz por reviver tudo isso, o coro era o mesmo (tá certo com umas 10.000 vozes a mais), os abraços em Conversa de botas batidas eram os mesmos. Os choros, beijos, afagos em Sentimental sempre presentes, o chilique dos pés se debatendo em azedume, o meio rebolado em Iaiá. A descida do palco (em 2003 Marcelo Camelo desceu ao público para ajudar uma menina que havia desmaiado, em 2012 foi a vez do Amarante, mas sem precisar colocar ninguém nos braços) também.

Uma música nova deixa a pergunta. Um álbum novo? Olha lá...


terça-feira, 1 de maio de 2012

O primeiro de maio que não deveria existir



Primeiro de maio de mil novecentos e noventa e quatro, domingo. Acordo cedo, como acostumado nos últimos três anos. Eu tinha só oito marços na vida. Meu pai não estava em casa, minha mãe fazia café e meu irmão dormia.

Estava na sala, esperando a terceira corrida de Formula 1 daquele ano. Senna era pole, como de costume, num ano não muito costumeiro, as duas primeiras etapas Senna não havia completado. O inicio da prova até a curva tamborelo todos lembram. Ligo pro meu pai que no dia trabalhava, não me dá muita atenção (ou não queria acreditar no que eu contava?).

Segunda-feira, aula suspensa, luto.

Quando tinha oito anos não queria ser um herói japonês ou de quadrinhos, queria ser o Senna. Rápido como Senna, empunhar a bandeira como Senna, levantar o troféu com o corpo todo em câimbras, como Senna. Todo mundo da minha geração queria ser um pouco Senna, meu pai queria, meu avó queria, talvez o mundo quisesse.

 O 1º de maio de 1994. Dezoito anos. Ainda acordo todo domingo, ligo a TV, minha mãe faz o café, meu irmão dorme, meu pai quase sempre está e como naquela vez eu peço sempre, que aquele carro com capacete amarelo não pare, que simplesmente, NÃO PARE!