quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Insetos On-Off



Antes das promessas que não serão cumpridas para o próximo ano, andei lembrando meus tempos de andanças pela América andina. Dois amigos estão prestes a fazer um circuito parecido, mas devido ao tempo disponível excluiram do roteiro o trem da morte. É um caso acontecido neste trem que irei contar agora.

Depois de ter enquadrado a bunda em um ônibus de Belo Horizonte a Campo Grande no Mato Grosso do Sul e depois de Campo Grande para Corumbá, já na fronteira com a Bolívia, agora tínhamos pela frente 20 horas em um trem apelidado de "da morte".

Vários fatos aconteceram nesse percursso, mas vou-lhes contar um. Já era noite pra lá de 7 horas percorridas, faltando "apenas" 13 horas para o fim, um francês de Marselha, no meio da noite me acorda assustado e mostra a janela:

- What is it? What is it! . Mostrava para o nada.

 - Uát is íti o que é, Rapaz!

- Look, What is it? Here, There, What is it?

De repente aparecem piscando luzinhas verdes em todos os cantos. Agora como explicar em inglês, para um francês, o que era um vagalume?

- Well, This is light insect, Light insect on-off , on-off , on-off.

Tranquilo e já sabendo que não era a porta do inferno ou algum enigma indigena, o francês voltou para seu sono.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O dia que eu quase morri


Não foi de amores, não foi pura alegria. Foi o dia que quase morri de verdade.

Estava a caminho de São Paulo, com o Higor, amigo de Belo Horizonte, para o Show de Paul Mccartney. Higor já havia anunciado.

- É meu primeiro vôo, quero ter direito a tudo.

Bem, na ida ele teve o que queria. O vôo arremeteu antes de pousar em Garulhos. Mas o pior seria na volta.

Primeiro, o maior engarrafamento do ano na maior cidade brasileira. Por um momento quase que o teco-teco levanta sem a gente. Até aí, nada demais. Vôo tranquilo, tranquilo até sua entrada em ares belo-horizontinos. Como num passe de mágica, o comandante avisa:

- Já estamos em Belo Horizonte, mas a chuvinha transformou em uma baita chuva. Não consigo enxergar a pista de pouso, mas ainda nos resta 40 minutos de combustível, vamos sobrevoar Confins e creio que em dez minutos estaremos pousando.

O vôo já havia arremetido, os dez minutos se transformaram em meia hora e lá vem a voz do capeta no sistema de som do nosso 14-BIS.

- Senhores passageiros, estamos em situação crítica, nosso combustível está abaixo da reserva, há combustível para dez minutos de vôo, tentaremos nova aproximação, caso não seja possível faremos novo contato.

Cara palída, se você não conseguir pousar nosso proxímo contato vai ser ali mesmo, no céu, pensei. Mas de repente como música para meus ouvidos escuto o som do trem de pouso tocando o asfalto. Sim, a gente ficou vivo e este texto não saiu das mãos do Chico Xavier. Graças que Confins não teve nosso fim.