quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Você é do tamanho do mundo



Inquieto. Lembram quando no filme "Comer, rezar e amar" a protagonista tenta buscar sua palavra? Pois é, essa é a minha, inquieto, no sentido de menino pequeno mesmo. Preciso andar, preciso pegar, preciso ver e preciso pisar por mim mesmo.

Agora me falta apenas os países ao extremo norte da América do Sul. Miúdo sim, o mundo é gigantesco e a gente realmente é do tamanha de um isqueiro Bic de R$ 3,50 diante de tudo. Muita coisa, muita história que infelizmente não será possível em uma vida.

Mas há algo incrível quando você resolve colocar o pé na estrada (digo de fato). As pessoas de bem estão espalhadas por aí, então você também precisa se espalhar. Sair, tentar, se permitir, chutar o não posso, chutar o "não" pra longe. "Sim" é o som mais bonito e isso em qualquer língua, vá atrás das pessoas que dizem sim...

Talvez não se note de primeira. Mas através dos "sins" e das rotas você cresce. Você passar a fazer parte da história de pessoas de toda parte, por um momento você é caso de gente de todo lugar.

Você começa a ficar do tamanho do mundo e você pode ser do tamanho do mundo.

Volto a Belo Horizonte com mais de sete mil quilômetros de altura. Confesso que estou vivendo. Obrigado a vida, que tem me dado tanto e obrigado a todos que estão por aí e que permitem a você crescer de fato.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

As casas de Neruda


21h. O sol ainda bate em Santiago, bate em Valparaíso e bate em Isla Negra. Parte alta do bairro BellaVista, abaixo do Cerro Santa Lucia, rua sem saída, paredes azuis. 

Um quadro de Rivera, uma foto com Jorge Amado, outra com Luis Carlos Prestes, um bar em cada piso, uma medalha de um prêmio Nobel. Sim, estava dentro da primeiro casa de Neruda, algumas coisas faltantes. Agressão militar a primeira residência.

Ladeira, muitas ladeiras, elevadores, vista estranha, no meio do Cerro, perto do topo, perto do reto, repouso, casa de descanso, um barco perdido num morro verde.

Pacífico, pedras, água fria, muitos sinos, como todas, um barco, este sim, perto do mar. Tudo dele aí, a casa de vida, de permanência. O quarto, a mesa de trabalho, as coleções. Uma invasão, estava dentro do seu banheiro, sentado na sua cama, colocando a mão na madeira onde repousa a primeira versão de Confesso que vivi. 

Na parte externa, vigiando as ondas, o encontro de fato. "Compañeros, enterradme en Isla Negra, frente al mar que conozco, a cada área rugosa de piedras y de olas que mis ojos perdidos, no volverán a ver"

Por um segundo reunidos de fato. Neruda vigiava as ondas e eu o seu descanso.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Clandestinos no Deserto

Organizaçao.

É a palavra ao sair da Bolivia e entrar no Chile (tá certo que a falta de planejamento é a graça total do primeiro paìs), onibus com lugares e horarios. Em pouco tempo nariz ressecado, garganta seca, já é o resultado da aproximaçao com o deserto mais árido do mundo, o Atacama. Se Pumamarca é a Sao Tomé da Argentina, o mesmo pode se dizer de San Pedro de Atacama no Chile.

Sim aqui é muito caro, um dolar para um sabonete, dois dolares e meio para uma garrafa de agua (realmente agua vale ouro no deserto), a cidade chilena mais cara por sinal. E uma curiosidade, alcool só pode ser vendido até a meia noite, resultado disso? As festas clandestinas.

Você compra a sua antes desse horário e de repente começa, "será en la playa" "és en las flores" (locais no deserto do atacama onde todos se reunem), sim, festas clandestinas em pleno deserto, o mais seco do mundo, molhado de cerveja e vinho durante horas...

"Cuidado los pacos, estan cerca los carabineros", sim se esconde da policia, como imigrantes ilegais correndo no deserto, mas no fim tudo dá certo, num frio de 5 graus...

Uma coisa que todos devem saber, mas o céu desperta màgico por aqui, nada como um deserto pra molhar de areia, suor e um pouco de vinho nossas vidas..

Já estamos em Santiago.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Um Bituca no Uyuni (ate que fim a trilha deixar de ser "Ai se eu te pego")

Vento, lama, chuva. Essa foi a recepcao em  Tupiza, ultima parada para o Deserto de sal do Uyuni. Oito horas em uma estrada que nao existe, num lugar que nao esta no mapa.

O mesmo vento da as boas vindas em Uyuni. Nao ha como escrever alguma coisa sobre os tres dias de travessia ate o Chile, acredito que as fotos tambem nao consigam explicar. Mas um caso, sim, vale contar.

Nosso grupo estava formado por dois noruegueses e um canadense. Na segunda noite de sono (num povoado que nao faco a menor ideia do nome, mas proximo da Laguna Colorada), em conversa sobre o Brasil, musica, politica e futebol, o assunto chega a Minas e Belo Horizonte. A norueguesa saca seu ipod e me solta um "I like very much this songs". O artista? Milton Nascimento from Santa Tereza, a cancao? San Vicente.

Sim, uma Norueguesa salvou nossos timpanos, depois de ter como trilha desde Assuncao, a musica mais popular depois de Macarena, "Fugidinha com voce"

No meio de um deserto de Sal, o som que se escuta entre as paredes de blocos de barro: San Vicente...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Seis horas na Fronteira, La Quiaca e quase um resta um

La Quiaca, o Oiapoque da Argentina. Quatro Horas para sair, duas para ingressar a Bolivia, 3100 metros. Sim, estamos na Bolivia e programacoes e horarios esqueca.

Nossa situacao, ir para Tupiza (nao me pergunte aonde fica) e arriscar um onibus para o Uyuni. Detalhe, para este onibus quase perdemos Fernando para sempre!

- So vou ali no baño, um segundo
- Fernando, o onibus vai sair, Fernandom Fernandoooooooooo

Dois segundos depois.

- Pare, pare hay una persona en terminal, tenemos que volver.

- Si Chico

- Hey, hey, el terminal paso, hay un muchacho de Brasil, pare. Da-me un minuto me voy a buscarte.

- Nandinho, corre fi. So falta voce no onibus.

- Vei, achei que tinha ficado preso em Villazon.

- Vamo pra Tupiza

- Onde ?

Salta e o Senna dos Andes!

Fotos so a partir do Chile

Salta la linda, assim os argentinos chamam a cidade. Realmente Salta tem pelo menos uma das pracas mais bonitas que ja visitei (perdendo somente para a de Cuzco no Peru).

Um dos passeios mais tradicionais è aquele que percorre seus povoados pròximos, como Pumamarca (a Sao Tome das Letras da Argentina), chegando proximo dos 4.100 metros. A estrada atè là jà vem com as caracteristicas de Bolivia.

Para a travessia estava em nosso carro um verdadeiro Senna dos Andes, correndo entre precipicios, escapando de buracos e atoleiros atè nosso destino, digno de prëmio a pilotagem do garoto.

Foi aqui que encontramos o primeiro brasileiro, um cara que trabalha como atendente no mercado central de Salta, com um portugues pessimo e um espanhol em construcao, nao trouxe nada de novo ou alguma informacao que valesse a pena.

Salta fica pra tras, agora vamos em busca de La Quiaca, divisa com Bolivia.

Agora acaba a viagem e comeca a aventura!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Assunçao arde



Como boa parte das pessoas sabem, no espanhol nao existem todos os acentos do português, portanto os teclados das bandas de cá, também nao.

Nuestra Señora de La Asunción. Capital do Paraguay. A primeira palavra sobre a cidade é: surpresa. A imagem mais constante do Paraguai sempre vem das compras, dos sacoleiros, do mercado a céu aberto de todos os produtos "hechos en Paraguay".

Porém, Assunçao é uma cidade organizada. O famoso comercio sacoleiro está restrito a uma àrea como o Shopping Oi em Belo Horizonte ou a 25 de março em Sao Paulo. A cidade parece um canteiro de obras, dizem que devido a construcao civil a taxa de empregos aumentou em 85%, depois da pose de Fernando Lugo, atual presidente.

Assunçao ARDE! 38 graus durante o dia e 27 a noite, sem ventos ou lugar para se esconder.

Mas saio de Assuncao com a vontade de retornar. A cidade me deixou marcas, marcas fisicas mesmo. Estou conhecendo minha primeira alergia, nao sei alergia do que ainda. A necessaire do Fernando, que mais lembra uma mochila tem me salvado, Polaramine para qualquer irritaçao de pele estava nela, ponto pra ele.

Já estamos em Salta, depois escrevo sobre nossas impressoes.

Hasta Luego