Em 1982 (ou 1983?), meus pais tiveram a fantástica ideia de ficarem noivos com todos os rituais possíveis de uma família do interior. Minha mãe ainda morava na escondida Divino das Laranjeiras, próxima a Governador Valadares, meu pai em Belo Horizonte.
Claro, a família do lado paterno foi em bando para a cidade da família materna, com toda a cortesia, foram recebidos e hospedados. Só não sabiam que seria cortesia demais. E se tratando de Minas Gerais, a cachaça, tinha sim senhor e os efeitos dela também.
Meu pai, com toda responsabilidade de ser o genro e o filho a se casar, ficou ali como o futuro marido que toda mulher espera. Isto não se aplicava aos seus irmãos, convidados, futuros cunhados que só esperavam o momento da rolha estourar.
Depois da festa e das alianças, o caminho normal de um fim de festa é a cama. Mas como quem bebe muito a bexiga acusa, um desses tios precisava de um banheiro. Nada demais, a não ser pelo fato da localização. Meu tio que ainda guardava os efeitos daquilo que tinha ingerido, se enganou por um segundo e entrou no quarto dos meus avós (pais da minha mãe).
É! Realmente a porta de um guarda roupa é bem parecida com a porta de um banheiro e travesseiros e cobertores são idênticos a um vaso sanitário (e como será que ele não sentiu falta do barulhinho na água, na hora que começou a aliviar?).
E porque, porque ele confundiu a cama da minha vó com a cama dele, e porque ele pensou que minha vó era a esposa dele e como depois de abraçar, enroscar as pernas nela, ele não viu, deitadinho do seu lado, quem? O meu avô!
Meu pai foi acordado, meu tio retirado (até hoje não acredita nas coisas que fez) e o casamento aconteceu. Nada como um belo cartão de visitas para testar uma família inteira.
O que tem que ser, é, mesmo com cobertas urinadas!