quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Insetos On-Off



Antes das promessas que não serão cumpridas para o próximo ano, andei lembrando meus tempos de andanças pela América andina. Dois amigos estão prestes a fazer um circuito parecido, mas devido ao tempo disponível excluiram do roteiro o trem da morte. É um caso acontecido neste trem que irei contar agora.

Depois de ter enquadrado a bunda em um ônibus de Belo Horizonte a Campo Grande no Mato Grosso do Sul e depois de Campo Grande para Corumbá, já na fronteira com a Bolívia, agora tínhamos pela frente 20 horas em um trem apelidado de "da morte".

Vários fatos aconteceram nesse percursso, mas vou-lhes contar um. Já era noite pra lá de 7 horas percorridas, faltando "apenas" 13 horas para o fim, um francês de Marselha, no meio da noite me acorda assustado e mostra a janela:

- What is it? What is it! . Mostrava para o nada.

 - Uát is íti o que é, Rapaz!

- Look, What is it? Here, There, What is it?

De repente aparecem piscando luzinhas verdes em todos os cantos. Agora como explicar em inglês, para um francês, o que era um vagalume?

- Well, This is light insect, Light insect on-off , on-off , on-off.

Tranquilo e já sabendo que não era a porta do inferno ou algum enigma indigena, o francês voltou para seu sono.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O dia que eu quase morri


Não foi de amores, não foi pura alegria. Foi o dia que quase morri de verdade.

Estava a caminho de São Paulo, com o Higor, amigo de Belo Horizonte, para o Show de Paul Mccartney. Higor já havia anunciado.

- É meu primeiro vôo, quero ter direito a tudo.

Bem, na ida ele teve o que queria. O vôo arremeteu antes de pousar em Garulhos. Mas o pior seria na volta.

Primeiro, o maior engarrafamento do ano na maior cidade brasileira. Por um momento quase que o teco-teco levanta sem a gente. Até aí, nada demais. Vôo tranquilo, tranquilo até sua entrada em ares belo-horizontinos. Como num passe de mágica, o comandante avisa:

- Já estamos em Belo Horizonte, mas a chuvinha transformou em uma baita chuva. Não consigo enxergar a pista de pouso, mas ainda nos resta 40 minutos de combustível, vamos sobrevoar Confins e creio que em dez minutos estaremos pousando.

O vôo já havia arremetido, os dez minutos se transformaram em meia hora e lá vem a voz do capeta no sistema de som do nosso 14-BIS.

- Senhores passageiros, estamos em situação crítica, nosso combustível está abaixo da reserva, há combustível para dez minutos de vôo, tentaremos nova aproximação, caso não seja possível faremos novo contato.

Cara palída, se você não conseguir pousar nosso proxímo contato vai ser ali mesmo, no céu, pensei. Mas de repente como música para meus ouvidos escuto o som do trem de pouso tocando o asfalto. Sim, a gente ficou vivo e este texto não saiu das mãos do Chico Xavier. Graças que Confins não teve nosso fim.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

De repente



De repente tudo para.

Não sei do trânsito, o vento não esfria, a chuva não pertuba. De repente nada existe. Os problemas de trabalho, a falta de dinheiro ou qualquer outra coisa que poderia tirar meu foco. Tudo isso porque de repente surge no alto da rua, atravessando a avenida ou estacionando o carro, um anjo sem asa.

Poderia dizer no mais "rabuscado" dos idiomas, na maneira mais culta ou "Tomazgonzaguiar" o que quero escrever. Mas prefiro usar a língua, que ha quatro meses atrás vez movimentos circulares em minha boca e que de repente ocupava cada pensamento. Como se num passe de mágica cada vez que ela diz "você acredita" chegasse aos meus ouvidos coisas como "o céu amanhaceu rosa-chá" ou como se cada "ai meu Deus" viesse ao som de "o dia está com cheiro do perto"

Talvez ainda não perceba, mas faço dela meu projeto de estudo, todos os dias tentando ser algo melhor, sem medo do cansaço (na maioria das vezes não conseguindo), apenas para ajudá-la, dando de bom grado boa parte das minhas horas, mesmo sabendo que grande parte de seu tempo é e deve ser dedicado a outras coisas.

Já perco o tino e não me importo de tornar público tudo que digo, o ridículo ha tempos não me tangência. É como se pegasse nesse momento a mão da Sra. Domenici Ribeiro e dissesse a ela, boa noite ou bom dia. Porque se talvez ainda ela não seja toda minha, eu já sou totalmente dela.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A volta



Sim, foi muito tempo. Realmente deixei este blog de lado por vários motivos. Agora estamos de volta e poderia começar dizendo da minha segunda melhor noite do ano durante o show do Paul Mccartney e dizer tudo que todos já disseram. (frase grande essa!)

Poderia narrar minha quase morte num vôo que cismava em não chegar ao fim em Belo Horizonte. Mas pra volta prefiro contar um caso, como os que sempre faço aqui. "Como se nada tivesse acontecido". Os momentos citados acima terão posts especiais.

Ontem estava em um aniversário de um priminho da minha namorada, desses com cama elástica, piscina de bolinha e monitores que não se contentam até que os adultos também paguem seu mico. Claro que as crianças, e eu, esperavam o parabéns (aquela coisa de poder atacar a mesa de doces sem culpa).

Naquele corre, corre do "vai acabar o doce". Um mini gente vira e fala:

- Ai, pisei num cocô

Tira o tênis, desce o nariz e CHEIRA!

- Né cocô não,é Brigadeiro!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Pela ponta esquerda


Há muito tempo alguém me disse que "você é o futuro do país". Pois bem, minha geração chega ao ponto de ser o presente da politica nacional. Não vou dizer meus votos, mas quem me conhece sabe que minha opção não é a Dilma, nem o Serra, tão pouco a Marina.

O que me assusta são pessoas da minha idade, 24 anos, e até menos, com um pensamento altamente conservador, não digo a direita, digo de conservadorismo mesmo. Um bando de garotos pós beatnik, geração hippie, pós Gandhi, Luther King, guerra do Vietña, pós ditadura, diretas já, Collor e principalmente e mais recente a todos, pós Bush e Iraque.

Vibro quando vejo alguém de 20 anos criticando o governo Aécio ou o governo Lula, afirmando sua voz contra Chavez ou até Obama. Interesse por alguma coisa.

Mas há pessoas dessa mesma patota que levantam a voz, achando a coisa mais natural, dizer frases como "sou contra o casamento gay" ou "não aguento esses projetos sociais, altamente assistencialistas que dão 100 reais pra alguém não fazer nada".

Nem minha avó pensa mais assim. "Claro que eu quero pagar por um médico melhor, o governo não dá conta de nada" ou "isso dá certo lá no Canadá, aqui no Brasil só tem safado, as coisas não funcionam assim". Mas os mesmos caras pálidas que dizem isto esquecem que também são brasileiros.

Não sei quem está certo, mas me assusta a falta de confiança em algumas instituições, o que me assusta mais é a falta de vontade para mudar isso. "Tá ruim assim, sei que não vai melhorar nunca". São coisas que escuto hoje, como são coisas que meu avô escutava quando via o fazendeiro da sua cidade ficando rico e o resto da cidade mastigando poeira, quando "só filho de papai entra em faculdade, esquece". Todos sabem que isso mudou e eu espero que em algum momento as instituições que devem funcionar, funcionem. Dessistir nunca foi uma coisa muito positiva.

Mas só para lembrar alguns, Zumbi estava a esquerda dos seus senhores, como Gandhi dos ingleses, Martim Lutero do Vaticano, Mandela do apartheid e até Cristo dos romanos, por algum motivo a ultrapassagem é feita pela esquerda e por algum motivo o coração se localiza na parte esquerda do seu corpo.

Estar a esquerda não é ser do PT, do PSTU, ser fã de Che Guevara ou carregar Marx embaixo do braço. Estar a esquerda é simplesmente pensar em alguém que está do seu lado, a sua esquerda.

Que se lasque o partido que você pretende votar, mas Deus, há gente pra ser elegido que pensa como parte da mocidade de hoje (que pensa como a mocidade do Brasil Colônia). O presente sempre olhou para o passado pra escrever sua história, pena que meus contemporâneos escolham a pior parte dessa história. É lá vamos nós, voltar talvez, para velhos tabus. Quem sabe essa geração colorida, num futuro próximo, escolha melhor suas cores.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Buenos Aires em vídeo


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Que és eso?

Perdão a falta de luz em alguns lances, mas máquina era pra lá de amadora.



sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Punta del este, Montevideo e a Chuva

Hola,

A palavra mais utilizada por Kepler nas suas conversas em espanhol para abrir este post.

O balneario mais caro, mais chic e cheio de pompa da América do Sul. Punta del este, abrigo de vários magnatas deste continente, mas durante o verão. E quem procuraria uma praia no inverno logo abaixo do trópico de capricórnio? Mineiros é lógico.

Sim, a cidade estava um gelo, chegamos com chuva e um vento que vinha com remetente da Patâgonia e sem fazer escala em montanha alguma. Frio, muito frio. A noite da chegada deu para perceber que a cidade não negava a fama e deixava seu cheiro de Miami pelo ar.

O hotel e cassino Conrad, faz qualquer classe média brasileiro metido a besta se sentir um mosquito dentro da economia mundial. Luzes por todos os cantos e lados, e, claro, as lojas daqui seguem o padrão Tiffany e CO e Channel pra lá.

Durante o dia um pouco de sorte jà que não havia chuva, deu pra fazer as caminhadas feitas durante o verão, mas evidente que sem tocar a água e sem esbarrar em várias pessoas (a cidade estava praticamente deserta). Mas claro que o ponto alto por aqui foi a já famosa Casa Pueblo, resumo dizendo que não a muito o dizer, assim que as fotos forem postadas vocês me entenderão. Uma obra de arte habitada, ou uma casa museu, ainda não sei defini-la.

Agora, de volta a Montevideo. A educação uruguaia continua nos impressionando, são de uma cordialidade e gentileza que deixaria qualquer mãe católica envaidecida. Por aqui a chuva também nos acompanha, foi o dia de caminhar pela principal avenida e conhecer o tão aclamado estádio centenário e seu museu, que claro, vinha com um senhor-guia pra lá de simpático. A venda adesivos cruzeirenses, atléticanos, evidente que não...

O teatro Solis, outra coisa pomposa, magnifica no meio da rua em que está. Mais uma vez a cordialidade daqui. A noite uma tìpica parrillada feita pela Albergue.

Até amanhã

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Cade o Belchior?

Buenos Aires e os argentinos ficaram para tràs, chegamos hoje a Colonia do Sacramento.

O ultimo dia na capital portenha foi agradavel apesar do frio, foi nosso dia de compras. O quarto que no inicio contava com quatro franceses, terminou com um venezuelano, um mexicano e um israelense que mal falava espanhol e tinha um inglês com sotaque Hebreu, jà dà pra imaginar como foi a conversação. Um monte de homem juntos ensinando um aos outros xingamentos em suas determinadas linguas.

Acabamos passando um tempo com um casal do Rio de Janeiro que nos acompanhou durante o jogo do Boca atè a hora de embarcarem para o Brasil.

Agora, mesmo com toda a pomposidade de Buenos Aires, talvez a cidade mais bonita da viagem seja Colonia, um quê de Minas Gerais jà que è de colonia portuguesa, mas a beira do Rio da Prata, que faz um charme especial. Cidade tranquila, sem trânsito, sinal ou faixa de pedestres.

Nossas máquinas fotográficas estão com a bateria no Fim, e ainda não temos os adaptadores de tomadas. Então mais fotos depois.

Agora a noite tentaremos ver se o Belchior ainda està por aqui, e claro, dizer a ele que tambèm "somos apenas rapazes latinoamericanos e sem dinheiro no banco"...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Vamo, Xeneize

É nois em Bubu, como diz o Kepler.

De todos os passeios feitos atè agora, contando com Tanguerias, bairros nobres, bairros pobres e bairros històricos, sem duvida nada se compara ao dia de ontem.

Praticamente todos os brasileiros que passam por aqui e não são poucos vão ao bairro de La Boca e conhecem o La Bombonera, agora, um jogo do Boca, contra seu principal rival exlcuindo o River, ah, isso sao poucos que viram, e, e, a gente Viu.

Boca 2 x  1 Velez, informaria a ADEMG, algo incrivel, num lugar onde não cabia nem mais uma agulha. E cantam, todos cantam, criancas, jovens, adultos, velhos, muitos velhos, senhoras, meninas e até operados, sim havia um senhor operado do nosso lado gritando, ''Dale Boca''.

So a preparação em si è um espetáculo à parte, um espaço vazio na arquibancada è tomado minutos antes do inicio pela 12, a organizada do Boca, um homem praticamente fantasiado de pintinho amarelinho anuncia a entrada da equipe e o resto è o que passa na TV, pápeis para todos os lados, gritos, muitos gritos e um boca numa panela do inferno, fazendo ser quase impossivel a vitoria de uma equipe visitante.

De passagem, o Cruzeiro ja venceu por aqui, já o Galo, quem sabe um dia chegará a vez da parte Rosa de BH entrar em La Bombonera...

E claro nossa concentração num pau de arara dentro do bairro de La Boca, e considerem a palavra pau de arara um grande elogio.

Entonces, Vamo Xeneize!







sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O espanhol britanico

OBS. O teclado nao possui acentos.

Já havia comentado sobre o sotaque imposto para o Kepler na Chegada a Montevideo, pois bem, ainda continua.

Com algo que havia denominado um "espanhol britânico", antes ele se contentava em apenas enrolar a lingua para falar o próprio português. Mas agora não, ele atacou e tenta falar, o pequeno problema que aparecem coisas como "is acá" ou "cartón de crédito", além de responder monosibálico, "no tenho" ou quando inventa aparecem coisas como "um pouquito disso e um pouquito do outro".

As longas caminhadas continuam, Recoleta e Palermo foram as vìtimas do dia para o "espanhol Britânico" do Kepler, além da aula de tango ontem. Sim, agora Kepler e eu somos professores do tal ritmo portenho.

Amanha, tento relatar alguma coisa, sobre fotos. A máquina de hoje funciona direitinho, tirando o teclado, mas as máquinas fotográficas estão sem bateria. Quem sabe amanha.

Abraço pra quem é de abraco, beijo pra quem é de beijo. Abraço, beijo e cheiro pra quem é de abraço, beijo e cheiro.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Buenos Aires



Aqui estamos. Primeiro dia em Buenos Aires, depois de acordar as 06h00 da manhã em Montevideo e tomar um barco do tamanho do parque municipal e caminhar mais de meia hora com  20 quilos nas costas. O Kepler continua falando algo que não se parece com português e muito menos com espanhol, é um tipo de português com sotaque Tupi.

 
O saldo da primeira reunião da ONU em Montevideo foi: um irlandês, um grupo francês, uma dupla do Paraguai e outra do Chile.

Sim, as carnes daqui são grande e gordas e o metrô um pau de arara sobre trilhos.

O computador parece  o Marcus dirigindo um Fusca de primeira numa ladeira de tão lento., por isso mais fotos depois. O frio tranquilo com seus oito graus e os ingressos para Boca x Velez jã estão nas mãos. Amanhã alguma coisa nova, nem que seja o Kepler tomando mate e geleiea de goiaba.

Ah, claro. O cara que fez nosso check in sacou da gaveta o que? Um escudo do Cruzeiro e quando perguntado sobre o Patetico Mineiro a resposta foi. Que és eso?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Montevideo

Já estamos acá. Kepler e eu e o frio. Digo frio, frio mesmo, daqueles de congelar massa de pastel.

Nada demais, tirando um atraso de uma hora no vôo de San Pablo pra cá, tirando as turbulências de Porto Alegre até Montevideo, com Sao Pedro batendo na janela e Kepler dizendo que eram os Buracos da Ruta Uruguaia.

Abaixo segue um video da minha grande sorte no inicio da viagem e algumas fotos.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Férias


- Bom dia meu bem

- (Voz de Darth Vader) Bom dia...

- (12h54 p.m) Você tava dormindo?

- Não, tô só vendo meu travesseiro de perto

- Meu Deus, são quase uma hora da tarde.

- Merda.

- O que foi?

- Perdi o Bob esponja, o Chaves e o Alterosa Esportes.

- Ah, André. Vai fazer o que agora?

- Acordar, almoçar e fazer a siesta. Sim, tô muito Garfield hoje.

- E não vai fazer mais nada hoje?

- Vou ali dormir e sonhar que tô  fazendo um monte de coisa. Férias me cansa!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Umbigo Minas



Tá certo, mineiro tem um jeito de achar que a gente é a gente mais especial do mundo. Só o fato de nascer aqui já faz com que você tenha uma qualidade de antigo testamento. Mas algumas coisas são claras e não são apegos a "mineirice" como a conversa que tive com uma amiga paulista e paulistana.

- Nossa, estão chegando  mais quatro mineiros na redação.

- Que ótimo

- Tá parecendo uma mini-minas isto aqui, daqui a pouco começam as reclamações do café, que o pão de queijo daqui é ruim, que não há queijo como o de Minas, que tá frio, que tá quente, que o clima de Minas é o ideal.

- Na verdade, realmente não existe queijo e pão de queijo como os daqui e agora que você disse o nosso clima realmente é o ideal, rs....

- Mineiro e essa mania de achar que Minas Gerais é o centro do mundo.

- Uai, né não?

- André, Minas o centro?

- Uai, claro que é. Se fosse beirada teria praia!

sábado, 31 de julho de 2010

Papo Rosa


- Oh, Eduardo. Você viu que domingo foi a parada gay aqui em Belo Horizonte?

- Uai menino, claro que eu fiquei sabendo.

- E você foi lá?

- Eu? você é doido, aquele monte de viado, de bicha.

- Mas você não é gay?

- Mas quem disse que eu gosto de bicha, eu gosto é de homem!

Depois disso segui o conselho da Thaís Pacheco do Falaram por aí e "chuchei" o dedo dentro do nariz.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Nosso coletivo do dia a dia

Tá certo. Ir trabalhar de carro é bem mais prazeroso, você seleciona o playlist, abaixa as janelas pra descansar o rosto no vento e se diverte, pelo menos pra esse sujeito de osso e pele, dirigir é um divertimento (dirigir não, pilotar, porque quando o trânsito vira um Tetris deixa de ter graça).

Mas algumas pérolas só nos ônibus coletivos. Estava eu calmamente indo ao trabalho com meu guia de viagens traçando rotas quando de repente, gritos, ripas, palafitas e barracos dentro do ônibus. Não sei o que estava acontecendo só conseguia prestar atenção no seguinte diálogo:

A - Vai, vai, to-to-tomar nos seus inferno. Vai to-to-mar no seus infer-fer-no.
B - Cala a boca rapá, senta aí e fica quieto.
A - Vem, vem, fa-fazer, to-tomar no seus inferno, chi-chifrudo.

Engraçado essa ética. O cara nem chamou o outro de gago.

O ônibus arrancou, os dois sentaram e a viagem seguiu. Imaginei que deve ser impossível um gago conversar com um veículo em movimento.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

É a luz


Não sei bem de onde veio todo esse fato comum, talvez seja um dos motivos que me unam tanto aos meus amigos. Vá saber, mas todo amigo meu tem um certo medo de assombrações, fantasmas ou espíritos (já diria Leandro Rodrigues, os espíritos japoneses são os piores). E é sobre ele esse caso.

Evidente que nenhum amigo tenha chegado próximo ou de longe de coisas fora do plano terrestre (até por que se tivessem estariam internados devido ao choque, choque no sentido de medo "borra calças" mesmo). E é claro que nas nossas reuniões o assunto é corrente, porém a prática, como assistir a filmes do gênero ou participar de coisas espirituais é algo praticamente fora de questão.

Até se tenta, mas as pessoas "mais corajosas" do que nós sabem muito bem o que acontece quando alguém da turma "caga na retranca" tenta ao menos assistir algo parecido. De passagem Marcus Vinicius diz que o A Profecia (1976) é a pior coisa que já assistiu (o pior não se refere a má produção, é pior de coisa ruim), a coisa que modificou sua vida (nesse caso fez com que ele tivesse mais medo de vultos). Ou quando 7 marmanjos e duas moças tentavam assistir ao Exorcismo de Emilie Rose (só a palavra com x seguido de o  já me mata do coração, exorcismo deveria ser excluído do dicionário) e os sete rapazes não duraram ao menu de inicio do filme (já digo que foi o menu mais assustador que já vi).


Mas o caso de fato sobre o Leandro beira quase o ridículo. Um dia em minha casa (que fica no meio do espaço, com uma grande área a frente e uma grande área aos fundos), que adora receber visitas noturnas dos gatos de rua que prestam somente para aumentar o macabro, caminhavam pelos telhados, as árvores balançam próximas as janelas, 01h20 da manhã, quando em um passe de mágica, melhor num ato sobrenatural uma luz azul ilumina todo o quarto saindo do chão sentido ao teto.

- André, que luz é essa?
- Uai Leandro, não sei, tá perto do seu colchão
- Aí meu Deus, (cabeça de Leandro embaixo do edredon)
- Fudeu (a minha cabeça agora debaixo do meu edredon)

Aquele plasma azul que não ia embora, mas em um ato falho, a gente resolve acompanhar a direção da luz. Um buraco no chão, uma nave espacial para nos levar ao superior racional, uma passarela para o inferno, o fim dos tempos, um disco do Engenheiros do Hawaii, um novo big bang e de repente Leandro anuncia com voz tremula:

- Hehe, era uma mensagem no meu celular!

domingo, 4 de julho de 2010

Acaba a copa, pra nós e pra elas


Acaba-se o tempo regulamentar. Todos os xingamentos a Dunga ou Felipe Melo passam pela sua cabeça. Velório, você não sai do sofá. Nesse mesmo minuto ela já está no telefone com uma amiga marcando a caminhada, a ida ao shopping ou onde tomar o suco de clorofila.

Você continua no sofá. Ela acha que o universo "copístico" já terminou, como se a saída do Brasil sempre representasse a subida do casting, do letreiro do filme. Você sentado no sofá, algo precisa ser feito. Uma nova equipe a torcer e a espera por uma possível cara de choro do fanfarrão Maradona Corleone.

Você marca com os amigos onde assistir a derrota Argentina e onde serão feitas as resenhas sobre os jogos finais, pelo menos em Belo Horizonte, o horizonte não despertava tanto interesse nesse dia.

Você sai ao trabalho como se te faltasse um pedaço, ou querendo arrancar um pedaço de qualquer coisa Melo que vista a camisa de número cinco. Pra ela a vida já voltou ao normal há muito tempo.

As redes sociais anunciam os moralistas solucionadores de problemas sociais esquentando a bunda nas cadeiras resolvendo o mundo por twitadas "agora que a copa acabou o povo pode pensar nas eleições" "O futebol é o ópio do povo".

Os mesmos que anunciaram as mensagens acima esqueceram de ler, que o Índio da Costa (aquele que disse que estudará o Brasil, "mas só agora Índio?") é nomeado vice do Serra e que nas pesquisas espontâneas Dilma já é líder. O futebol  não é o ópio do povo. O futebol é o pão com manteiga do café da manhã, tão rotineiro e natural como um bom dia.

Mas não ligue, a marcação da manicure é pra ela tirar os mata atlântica e amarelo ouro das unhas, o verde e amarelo deixa de fazer parte do seu guarda-roupa e sim, ela marcará aquele almoço e o cinema com você no próximo domingo. Isso no dia da final da copa do mundo. O argumento dela pode até parecer melhor "você não sai da TV, a gente não sai, o Brasil perdeu".

Concorde com ela, mas peça pra escolher o restaurante. Assim você certifica dos serviços da casa e claro, reserva a mesa em frente a uma TV. A gente se afogou, mas o mar está lá, esperando ver quem será o ultimo a ficar em pé na prancha do futebol mundial.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Os mineiros e a Praia

Isso também pode ser chamado de uma Ode das incompatibilidades.

A ideia inicial de um mineiro é passar despercebido pelo lugar, ele até tenta. Mas como ficar natural num lugar que o próprio dono dos "uais" proclama de perfeito. A gente podia apenas analisar a foto acima, observem:

Três monstros da música brasileira: A esquerda Beto Guedes, no centro Milton Nascimento (apesar de carioca de nascimento, mineiro de corpo e alma desde os três meses de vida) e o do lado direito Borges.

O Beto Guedes até conseguiria nos enganar, mas ele inventou de pegar jacarezinho com outros dois mineiros. Só mineiro entra em grupo no mar pra se divertir. O Milton, bem, olhem a cara do Milton. Cara de menino que ganhou um playstation de fim de ano, mostra só os dentes "que felicidade meu garoto". Agora o Borges, eu não sei o que ele tá tentando fazer, beijar o mar, afogando, fazer "brruu"pra água fazer barulho. O certo é que ele tentou fazer o que o Beto Guedes fazia, mas a mineirice de brincar com a água era mais divertida.

O problema é que não dá pra parar só aí. O mineiro faz uma campanha de guerra quando vai a praia, pensa e analisa todos os pormenores. Ele tem tudo, absolutamente tudo pra praia (costuma ficar guardado no banheiro ou no quarto de empregada durante o ano).

O que acontece, mineiro vai em grupo pra praia. Se você observar uma criança, um casal adulto, um casal adolescente, uma velho, uma velha e quinhentos metros de "trenquera" cuidado...

O mineiro esquece que pode estacionar o carro próximo da orla. Então lá vem ele a 300 metros da areia, carregando guarda-sol, isopor, cadeira, sundown e seu primeiro espeto de camarão. O mundo conspira contra, se todos estão de sunga ele está de short. Se todos estão de short, ele está de sunga. E quando acerta, coitado...

Todos com aquelas roupas de banho da Speedo ou da Mormaii e ele com seu short da Finta ou da Umbro de jogar pelada. Mineiro é aquele tipo de pessoa que vai pra praia de camiseta e queima só os braços, ou esquece que além das costas, há a barriga, peito e tudo mais que se localiza na parte da frente do corpo.

Sabe aquele cara que sai correndo do quiosque pra água e da água pro quiosque? Então, é um mineiro que esqueceu que a areia esquenta e arde o pé e você se pergunta onde ele deixou o chinelo! Aonde ele deixou o chinelo? Claro que está junto da avó, do avô, embaixo do guarda-sol que vá saber aonde está agora. (eu sei que o guarda-sol não se move, mas mineiro não sabe se orientar pelas ondas e coisas do tipo).

Aquele cara que machuca o pé jogando futebol? É o mineiro que foi tomar um banho de Iemanjá na água, saiu correndo, gritando que a primeira de fora era dele, fez aquele bife a milanesa no pé e pronto, foi chutar a bola.

Agora o ápice. Mineiro acha que prancha de surf é atração turística. Além de tirar a foto, pede pra fazer posse (sim ele finge que está surfando) e no fundo aquele monte de carro passando. Mas perdoe a gente. Uai é só nossa incompatibilidade.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

E começa a copa pra nós e pra elas

Amanhã é a estréia do Brasil na Copa do Mundo. Todos sabem, as 15h30min. Mas as preparações até lá são bem diferentes.

Você, amigo dono da costela, já deve ter encomendado algumas caixas de cerveja, colocado a TV no maior cômodo possível, analisado aonde o sol bate pra evitar os clarões, a posição onde não há como alguém atrapalhar com idas ao banheiro ou a geladeira.

O máximo que você fez foi ir ao Açougue e desenterrar aquela camisa de quatro anos, melhor de oito anos atrás, você se lembra que a camisa da ultima copa deixou de ser amuleto e hoje é no mínimo a caminha do cacharro. No mais você está contando as horas para o jogo, revendo seus palpites para o bolão e lendo todos os cadernos e sites de esporte possíveis.

Agora ela, claro. Neste momento está no celular marcando seu salão. "Oi tem horário pra pé e mão e esmalte verde e amarelo?" Esmalte verde e amarelo não (eles sempre colocam um nome estranho pra isso), "tem esmalte mata atlântica e sol de verão"? Já combinou com você de buscá-la na loja de departamento, pois além das unhas ela precisa se uniformizar. Tops, shortinhos e faixas com a cor da nação (será esse o melhor momento da copa?).

Você preocupado com a geladeira e ela com o almoço. Foi ao supermercado e comprou todas as cores de amendoim, todos os salaminhos e presuntos possíveis. Inventou uma salada fria e desmontou sua arquibancada da sala para que os casais fiquem juntos. Foi-se o posicionamento da luz, ela leva em conta a sua colocação e você a colocação dos planetas e do sol para que a luz solar bata na porta ou na cortina e não e nunca na TV.

Quando se iniciar a partida ela logo perguntará.
- O Brasil é o de amarelo? Cadê o Ronaldinho?
- O Dunga não chamou o Gaúcho
- Mas ele não é do Rio? A Caras disse que ele torce pro Flamengo
- Não, esse Ronaldo tem tempo que não joga pela Seleção.
- Mas porque, é bom não é?
- Não é mais...
- Olha que gracinha o Kaká.
- Meu bem, o jogo
- eu tô vendo, até sei o nome, Kaká
- Presta atenção
- Tô prestando
- Então fica quietinha

Silêncio

Ela vai comemorar gol impedido, você ficará nervoso. Mas releve, é Copa. E todos esperam por um final feliz. Dizem pesquisas que o desempenho sexual de um homem aumenta cerca de 20% quando seu time vence. Melhor pra ele, melhor pra ela, melhor pra todo mundo que o Brasil ganhe, então não nos desaponte Ronaldinho, quer dizer Kaká, Robinho e todos os outros anões de Dunga.

(Perdão as mulhres que realmente entendem o futebol. Mas aí não teria graça.)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Você já roubou hoje?

Pense nos refrões que você escuta nas rádios. Tire agora a falta de paciência para escutá-los até o fim.
Pense em tudo que você já tenha escutado, em todos os temas que já se tenha discutido. Coloque isso em Belo Horizonte e você terá: Aldan .

A Aldan não tem pretensão de trazer nada de novo ao mundo, não pensa em fazer a revolução, muito menos criar a nova ordem musical. Isso faz que naturalmente já se destaquem do resto. Uma banda de Rock, engraçada, sem a confusão instrumental moderna de vários arcodes. Definitivamente Aldan não faz a reunião da ONU em palco.

Composta por Marcus Vinícius Evaristo (Guitarra e voz), Davi Brêtas (Guitarra), Bruno Carlos (bateria e voz) e Marcelo Luiz (baixo) e com as portas abertas desde 2005. A Aldan faz tudo que já foi feito de novo, porém sem a pretensão de metas milaborantes, sem o compromisso da década de 80 e sem a falta de comprometimento da geração dos anos 2000. Tudo que você escutar na Aldan, provavelmente você já terá escutado em algum lugar, o que faz a diferença aqui é que isto soa de forma: Sincera!

Então, junte seus badulaques e aproveite o lançando do EP "Você já roubou hoje?"

Dia: 11 de junho (isso mesmo, véspera do dias dos namorados e abertura da Copa. Fácil de decorar, hein!)
Local: Stúdio Nafta: Rua Catete, 603 - Alto Barroca/BH Mapa
Horário: 22 horas
Entrada: 10 contos de réis

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Noite da Lua

Há algum tempo venho adquirindo uma mania estranha. Ás vezes, não quero perder uma boa idéia e preciso anotá-la. Até aí tudo bem, como normalmente estou sem caneta e papel uso o rascunho do celular.

O estranho são os momentos em que isto vem acontecendo. No meio de algum show, no meio de uma conversa, dentro de uma ambulância. Estava no recanto do Aristóteles, noite de lua cheia, conversa vai, conversa vem, lembrei que Lua também é o prefixo do nome de uma amiga. Lua lá, Luanda não sei onde. Andando foi o rascunho de baixo.


Lu anda pra buscar
Lua da partida
Luanda é par
Da falsa despedida

Valsa da lua
Vá sair para brincar
Espreguiça o acordar
Frio do dito vento repetido

Do morro da fé
O caminho que faz a pé
Pegar assistido a boca de café
Assim chorar não faz parte em mim
Mas é.

sábado, 5 de junho de 2010

Digníssima uma ova.

Joan Miró

Associações ingratas para se apresentar uma pessoa sempre acontecem. Outras e umas são abomináveis, pelo menos para essa capa de pele e osso que escreve. Acontece de chegar seu amigo, conhecido, primo, vizinho e te apresenta o amigo, o filho ou o pai. Formas carinhosas nunca me fizeram sentir aquela "vergonha alheia". Diminutivos de nomes ou coisas do tipo, forma de demonstrar carinho, mesmo que brega. Mas é carinho. Aliás, nunca vi demonstração de afeto que não beire pelo menos o cantinho do brega ou do ridículo.

Mas, a apresentação que me revira o intestino, é quando, qualquer um, de qualquer espécie, vem apresentar seu novo troféu com o subtítulo de dignissíma. Já não bastasse o sentimento de posse com os "meus" e "minhas" que antecedem o sujeito. Meu namorado, minha mulher, minha esposa, meu companheiro. Até aí tudo bem, os meus e minhas servem como demarcação de território. Cachorro que mija na árvore pra mostrar que naquelas raizes, manda ele. A "minha" também faz parte de mim.

Agora, quando se supera a posse, a mostra, vem o sujeito e: essa é minha dignissíma esposa, ou pior diz só, dignissíma. Mas "dig" o que?. Você aparece pra mostrar ao mundo a coisa que te faz ficar livre pra se prender e anuncia: A minha dignissíma! Imagino na hora, um chefe de estado, embaixador, sei lá. Alguém de poder estabelecido, penso na troca, cadê? Tanto nome, tanto chamativo, pra anunciar de dignissíma. Que falta de intimidade é essa?

Lembre da troca. Em todos os sentidos, de fluidos, dinheiro, ofensas, saia dos prenomes que lembram a chacota. A data dos namorados se apresenta. Aposente, caso use nos encontros formais, a formalidade dos dignissímos. A pessoa ao seu lado não pode ser sua dignissíma, é cúmplice. Nem parceira, mas cúmplice do seus crimes sem culpados, do estado de sítio onde só cabem os dois, da ditadura despercebida do bem querer. (Falei que as demonstrações de afeto sempre beliscam o brega.)

Do blog do Carpinejar, segue cinco dicas para os dia dos namorados.

1. Não invente de levá-la a um motel. Permanecer em fila - ainda mais numa lomba - é somente preliminar que esfria a libido.

2. Não dê ursinho de pelúcia. Glória Pires já foi Tony Ramos duas vezes e não gostou da experiência.

3. Procure fazer um jantar em casa, à vontade, sem pressão. Restaurante parece agência de casamento, lotado, somente com mesinhas coladas umas nas outras. É impossível conversar.

4. Não compre calça ou alguma roupa que possa não servir, mesmo sabendo o número certo. Tudo o que ela precisa é não se sentir gorda.

5. Esqueça que é Dia dos Namorados e será finalmente espontâneo.

domingo, 30 de maio de 2010

Dança nos Andes


Relembrando algumas presepadas pela Bolivia me lembrei desta.

Logo que cheguei a capital andina já havia percebido que a história da altitude realmente não era lero-lero do Galvão Bueno. Não que tenha sentido falta de ar, ou pela arritimia atacada de Mauro, o companheiro de mochila, mas na hora que fui comprar meu primeiro maço de cigarro vi que o negócio era sério.

Claro que não vendiam Souza Cruz pelas bandas mais altas da América do Sul. Estava preparado aos Marlboros e Lucky Strikes no meio do caminho, o que me surpreendeu foi a quantidade de cigarros por maço. Na terra do pão de queijo são 20, nas terras das empanadas 7. Mas como sete cigarros? Aquilo era conversa pra turista e eu que já estava em solo andino a longos 3 ou 4 dias me sentia o mais Quechua ou Aimara dos "Evos Morales das Bolivias". Evidente que comprei um maço com 20 cigarros. Só o fato de fumar já assustava meu amigo Mauro. Ele nem pensava no que eu poderia fazer a noite.

Nesse ponto da viagem já nos acompanhava um grupo do sul do Brasil e outro chileno. Era domingo, não havia muito o que se fazer, mesmo sendo a capital do país. Custamos, mas mineiro busca o cheiro do álcool como o cachorro corre atrás do rabo, achamos. Bar feio, sujo, pra lá de fim de noite e isso na região central da "rica" La Paz.

De repente, não mais que de repente, escuto gritos de "tigre, tigre, tigre". Era um animador dentro de uma boate boliviana e tigre era o grito de guerra do The Strongest um dos times locais de futebol, não ia perder aquilo. A malandragem boliviana existia e estava a um passo dela.

Entramos. Nosso grupo todo correu para as mesas, alguns copos de pisco e todas as musicas latinas possíveis: Salsa, mambo, merengue. Nosso grupo sentado e como em qualquer lugar, turista chama atenção. Sou convidado pra dançar. Fumante a 3.600 metros e dançar? Tá certo que não danço nada, mais danço de tudo. Era uma imagem a defender, brasileiro tupiquiniquim. Aceitei. Apesar da donzela andina não ser nem um pouco fisicamente interessante.

Bastou um cheiro e um movimento dos quadris femininos para que se entrasse no ritmo. Sim, dancei como um menino que corre pro recreio, nem eu acreditava que estava de pé, não pelo sentido machista de não negar fogo, mas pela vontade de vencer a tal altitude da cidade, rodava, rodopiava e já levava la mujer com meus passos (mais "forrozados" do que "salsisticos" como pedia a música) de salsa só os chutinhos pra lá, chutinhos pra cá. O resto foi escapar das ofensivas de "brasileños son hermosos, calientes". Elegantemente escapuli da tal moça. Algumas horas sem parar, sem necessidade de balões de oxigênio, folhas de coca ou soroche pills (comprimido para mal de altitude). Dali pra frente a falta de ar não seria mais problema.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A arte do mal cumprir

Como no último post, qualquer semelhança das alegorias abaixo com a realidade, é mera realidade.

- Velho você não sabe o que aconteceu

- O que foi? diga Afonso do Neno.

- Andei de ônibus, de novo

- Uai, mas você não disse que jamais, em hipótese alguma, nunca mais andava de ônibus.

- Pois é, mas tava quente, ensolação.

- Ué, mas você não queria uma bicicleta, bicicletinha, sei lá.

- É falei que só ia andar a pé, mas a corrente da bicicleta quebrou

- E você vai e corre pro ônibus?

- Ué, tava ali, tinha lugar pra sentar, eu sentei. Mas a bicicletinha já tá arrumada, apesar de cair dela vou ver se consigo dar uma pedalada.

- Você deixa de andar a pé e quer aquela bicicleta quebrada da Lily Allen?

- Ué, ué

- E o ônibus?

- Já até perdi o horário dele.

- Anda difícil confiar nas suas promessas hein...

terça-feira, 25 de maio de 2010

A Arte do mal mentir

Qualquer semelhança com a realidade é mera realidade...

- Alouuu?

- Opa, fala João Antônio.

- Aqui, tenho uma má e uma boa notícia.

- Não importa a ordem, manda a pedra.

- Então, meu irmão começou a dizer que o carro tá sem seguro e coisas do tipo.

- Que merda!

- Mas ele tem umas diárias de brinde na locadora de veículos. Foi lá buscar o carro.

- Que susto seu filha da puta. Então a gente vai pro Congresso do Rámon Tchano.

- Isso garotão, tudo certo. Falei pro meu irmão que a gente ia fazer um curso em Goiânia.

- Uai, mas você não disse com sua noiva que ia dar uma palestra?

- Falei.

- Não é meio arriscado duas mentiras num ciclo familiar tão próximo?

- Hehehe (risada longa e pausada, do tipo, eu sei.).

- Te pego em casa antes de esfriar.

- Você fez o mapa?

- Tranquilo eu conheço a estrada.

- Isso é outra mentira?

- Hehehe (das mesmas caractéristicas acima)

Nos perdemos, erramos o caminho. Chegamos e o show, quer dizer, o congresso foi ótimo.

P.S: Vocês não conhecem nenhuma das pessoas acima, caso contrário, faça o contrário do que está pensando.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Elas são melhores do que nós, mas não precisa espalhar

Mulher é ponto final, homem é vírgula, no máximo ponto e vírgula. Li esta frase hoje em uma das crônicas do ultimo livro do Xico Sá. Nela, ele explica a forma e a coragem que só a mulher tem de colocar o ponto fim nas coisas. A gente, bicho Adão, dono da costela se esconde sempre nas reticências...

Estava aqui pensando com meus botões, essa nossa mania de ser o ser. O cara que dirige o carro, que recebe a conta, que apressa o passo. Muitas mulheres sabem do agrado disso e levam quase todos nas mãos, fingem orgasmo, deixam o Allan Delon escolher o caminho até o restaurante, ficam do lado de dentro da rua e realmente fazem o homem pensar que ele está no comando, que pena de nós!

Mas sabe o que é de fato o calcanhar de Aquiles. São as mulheres que entendem dos assuntos, que outrora, deveriam ser masculinos. Que constrangimento causa uma mulher que realmente entende o futebol, por exemplo. Escalações, formação e até a "cafusa" lei do impedimento. Imaginamos na hora que aquela guria, logo a nossa frente, está a criar testosterona dentro do seu corpinho, que na cabeça dos mais "capiais" deveria nos satisfazer e não nos afrontar.

Mas aí está, mulher moderna, dona do lar, do contra-cheque mais gordo e nós Neandertais, a enganar a nós mesmos, pensando que o timão do barco está no nosso comando. A espécie do XY, sabe, como sabe, que elas são melhores em tudo. Mas talvez seja melhor assim, a gente finge. Finge que não sabe de nada e elas. Bem elas ignoram. Pra que discutir o certo. Isso é coisa de homem.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Dia de sorte

Ainda eram 19 horas e 40 minutos e meu trabalho estava terminado. Podia ter simplesmente saído e pegado o caminho de casa, mas como era dia de jogo e havia marcado com dois amigos para assistir à Cruzeiro x São Paulo, fiz hora.

De repente, a chuva começa, 20h15min, pego minha carteira e sem dinheiro nem cartão (pra que a carteira!), resolvo cancelar o encontro, vou-me para casa. Caminho até tranquilo, um pouco mais lento devido a chuva.

Dentro do ônibus, um camarada de péssimo gosto liga o celular no fone externo e despeja todo seu playlist de pagodes e funk no meu ouvido e eu cansado, ali, querendo chegar em casa. De repende escuto um som de metais marcados, trumpetes. Sim, sim, o cara no meio de tudo tinha um musica do Mutantes, pains at circences, mas ele muda a faixa. Não é um dia de sorte.

Do nada o onibus para no meio do anel rodoviário, outros carros também, 21h10, o ônibus que já estava pra lá de lerdo, estaciona. Sem dúvidas, um engarramento nas três pistas do anel. E agora? Parados há 20 minutos o mesmo cara do meu lado liga a Rádio Itatiaia. "Daqui a pouco os times sobem para o gramado do Morumbi e em Belo Horizonte uma carreta em L fecha três pistas do anel rodoviário, não há confirmação de vitimas e nem previsão da liberação do trânsito.

21h40. Desço na altura do bairro olhos d´agua e com a chuva caminho no sentido contrário ao engarrafamento, atravesso o anel na esperança de um ônibus no outro sentido. Acendo um cigarro. Primeiro lance de sorte. Para uma ambulância:

- Empresta o fogo?

- Você vai pro BH Shopping?

- Sim, vamos lá, mas vem na frente que aí atrás tá vomitado.

Uma carona de ambulância vomitada me tira da chuva. Agora no ponto para um outro ônibus de trajeto diferente. 21h50, descubro que Kébler já foi expulso. O ônibus chega e todo mundo sai correndo, cena grotesca, parecia aqueles eventos onde todos saem correndo pra pegar um pedaço de bolo quando BH faz aniversário.

Na roleta, 1 x 0 São Paulo. O jogo já era, como meu humor, minhas roupas e meu all star branco.

Depois de toda luta consigo chegar em casa. Ah, entro, pego um copo com água e São Paulo 2 x 0. Não é possível que tudo possa dar errado assim. Vou pra cozinha pegar um copo com café. O café havia acabado. Merda, vou na bolsa buscar um cigarro e...

O cigarro também acabou. Espero que um tijolo de construção não caia na minha cabeça na hora de acordar. Cruzeiro eliminado e meu adiantamento de salário não sairá no dia.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O Semeador


Não sei bem de onde veio a admiração por Van Gogh. As primeiras lembranças que tenho são de meu pai comentando alguma coisa sobre ele. De certo modo aquilo ficou. Alguns livros, citações, filmes e claro várias telas, fizeram a admiração aumentar. O primeiro caso a despertar minha curiosidade é o fato de Van Gogh ter vendido apenas um quadro em vida. Um dos maiores pintores da história das artes e um quadro em vida? Mas foi exatamente isso. Seu irmão, que era Marchán em Paris (isto é, comercializa obras de pintores) conseguiu vender apenas "A vinha vermelha em Arles".

Há várias histórias por volta de Van Gogh, algumas delas retratadas em filmes como Vincent e Theo, de Robert Altman ou livros como a biografia escrita por sua cunhada. Porém a melhor fonte de informação vem do livro "Cartas para Théo", reunião de cartas escritas pelo próprio Van Gogh para seu irmão, relatando tudo aquilo que pensava e sentia e não era pouco, para um maluco que enxergava quase tudo em amarelo.

Há muito para se falar quando o assunto é Vincent Van Gogh, o que eu posso falar é pouco. Abaixo a letra feita inspirada na tela acima, O Semeador. Com melodia, sempre, de Leopoldo Rezende.

O semeador de Van Gogh

Seu céu está de amarelo
Amarelo como o enorme sol que pinta
Amarelo como elo da flor que sinta

Anda solitário no olhar
Escondendo-se atrás do chapéu
Olha pro vento, olha pro ar
Olha o chão não olha o céu

O que me leva a perguntar
Fugiu das casas ao fundo apenas para semear ?

Veste-se no mesmo tom da arvore ao lado
No mesmo marrom pra não ser devorado
Pelo seu amarelo solar

È outono semeie, semeador
Que cresçam frutos e colha flor
Do chão que te enfeita

Não precisa saber o caminho de volta
Do lado do sol estão as casas, o lar
Está aberta a porta
Esperando você chegar

domingo, 16 de maio de 2010

Desafiando

Acontece às vezes. Você está parado trabalhando, quando alguém chega e diz: duvido que você faz tal coisa. Essa psicologia infantil, vez ou outra, funciona comigo. Havia enviado um caminhão de letras pro Leopoldo Rezende, que até aquele momento não havia trabalhado em nenhuma, porque outros trabalhos de prazos mais urgentes o ocupavam.

De repente me chega um vídeo da Elis Regina cantando Vento de Maio, parceria do Lô e do Marcio Borges (Vento de raio, rainha de maio, estrela cadente...) e a frase "duvido que você faz uma letra com a palavra pique-nique, igual a vento de maio (rainha de maio, valeu o teu pique, apenas para chover, no meu pique-nique). Duvido que você faz uma letra com pique-nique, Paralelepípedo, badulaque e tamborim.

Mas como assim dúvido que você faz. Parei tudo que estava fazendo, peguei um copo de café, dei um tempo no trabalho formal e de carteira assinada e fiz. Pronto!

Como sempre, a coisa necessitava de pressa e recorri ao bairro de Santa Tereza em Belo Horizonte. Escrevi a letra abaixo com a seguinte obrservação: A letra está aí, mas você não vai conseguir cantar paralelepípedo. Resultado. A música ainda não tem melodia e Leopoldo se pôs a trocar a palavra paralelepípedo por outra qualquer. Eu avisei... Tá certo, oh palavrinha feia!

Ecos de Santa Tareza

Ainda não sei porque
Os paralelepipedos brilham mais
Em Santa tereza Minas Gerais

E os ecos que vem pelas ruas
São os violões, bandolins
Sanfonas, badulaques e tamborins
E o que só acontece por aqui

Nas ruas são casas, butecos, butecos e casas
E velhos, crianças e piqueniques nas praças
E senhoras, mulheres e graças, a reza
O passo que aperta, o viaduto que passa depressa

E as esquinas, são finas de sons e mil tons
O cheiro, a cerveja, a mesa que salta na sorte
São Brants, São Britos, Nascimento e Borges
Beleza, bem-vindo e vindo à Santa tereza

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A inversão das ordens

Quando nasci estava na cara que não seria um musico. Chorava desafinado, todos os tambores e guitarrinhas que ganhava, eram devidamente quebradas. Fui crescendo e até tentei, mas o violão machucava os dedos e é sem jeito pra carregar. Instrumentos de sopro precisam de fôlego, bateria ou percussão nem em idéia carregar aquilo tudo.

Mas meus amigos todos tinham ou tem um tino musical, então tive que tentar. Mas não deu, nessa hora caiu a ficha. Todo mundo toca, todo mundo canta, mas canta o que? Aquilo que eu poderia escrever...

Então assim eu comecei, com Davi, Marcus, mas com o Leopoldo Rezende, o Piroldo, que o "trem" (no sentido mineiro e literal da palavra) engrenou. Daquele jeito, ele talvez o melhor "tocador de violão" que eu conheci, pegava minhas letras e voltava pro bar cantando.

Sempre foi assim, escrevia, alguém pegava, comia e vomitava a musica. A situação a seguir foi justamente o contrário. Leopoldo inventou uma tal de suít ferrovia, que dizia ser a melhor coisa que havia feito, seu xodozinho, mas não estava conseguindo colocar letra na bicha e me entregou as melodias.

Nunca tinha feito isso e ia começar logo com o dengo do Leopoldo, altamente perfeccionista, foi a primeira fez que tive receio de enviar algo pra ele, a primeira fez que realmente deu trabalho e não me trouxe tanto prazer o labor de buscar a palavra certa pra cada nota.

Mas acabou que deu. A primeira era um tema sobre Minas, puxei na cabeça a história e acontecimentos do meu estado e saiu a letra abaixo. Não posso negar que em cima da melodia me deu um orgulho danado.

Minas

Emboaba vem dizer que
Não é terra de ninguém
Terra fim já tem seu dono
É mineiro o que convém

Fé que cega
Sorte prega
Ladeira que vai passar
Morro velho
Sim de perto
Meu barroco a moldar

Liberdade não deve ter fim
No corpo rasgado aqui
O teu sonho é meu sonho
Ainda tardia sem ti

Pó de ferro
Ouro eterno
Procissão que vai marcar
Pedra e pedra
Caminho cerca
As montanhas vão guardar


Marca que passa corrente
Trilha que marca sempre

Esqueceu-se de mim
São caminhos com mil fins
Estações de chegar
Pra depois partir

Embora
Agora não demora
Pra ter, ou ir não viver

Implorar ou morrer
Fé pra quê

Nó de negro
Que corre pra se esconder
E há rosário
E há a fé de se tentar
A vida

Emboaba vem dizer que
Não é terra de ninguém
Terra fim já tem seu dono
É mineiro que diz amém

terça-feira, 11 de maio de 2010

Transa

Certo dia, depois de alguns copos de algumas coisas, alguns cigarros, na sempre Santa Tereza. Casa de Izabela Linke, dois músicos brincando de violão me chamam pra brincadeira. "Você não escreve, escreve aí" Então mais alguns copos, no tempo do cigarro se transformar em brasa, saiu a coisa aí debaixo. Transa...

Eu me perco nos seus lábios
Nos seus grandes lábios
Na sua boca

Esqueça da alma
Deixe nossos corpos
Alguém diria
Ou deveria dizer

O peso do seu corpo no meu
Corpo pesando no seu
O desespero de um milhão
Querendo ser gente, que não serão

Faz, volta, entra, sai, penetra o coração
Corpos quentes, chama, reclama atenção
Sai, sai, meu fio de tensão
Pé com pé, coxa e coxa, fala e mão
Dedo e dedo desnuda a ação
Parede, parede, porta, colchão

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mini Mulher Paceña

Acho que já posso correr a volta da Pampulha ou a maratona de Nova York. Andar quinze quarteirões fumando em La Paz, talvez não seja pra qualquer um. Estou completamente encantado com esta cidade, que não se entrega ao meio termo. O ar sopra história, é um ar com personalidade (mesmo você duvidando que exista ar nos seus 3.600 metros), são ruas marcadas pela tradição com artesanato, comida, cultura e esgoto correndo a céu aberto. Quando, por acaso, estiver por aqui, com certeza não se passará despercebido: amor ou ódio em La Paz.

Foi caminhando aqui do centro administrativo na Plaza Murillo até a Plaza del estudiante, e não me pergunte porque caminhando, já que um taxi pra esse percurso não passaria de dois doláres (dá pra ver que quase não chego vivo lá). Começo a desconfiar que os bolivianos daqui tenham três pulmões.

Ainda não descobri o porque de visitar esta parte de La Paz, praticamente européia, como um bairro nobre de Belo Horizonte, mas já que estava por ali não resisti a nossa origem ocidental consumista e me entreguei a um sorvete de flocos, nada andino, sentado numa praça da área chique da cidade que conheci essa "Mini Mulher".

Conversava com um amigo e ela me olhava e ria. Não me contive e devolvi o riso e com a maior calma do mundo ela veio me perguntar. És brasileño?

Fiquei deslumbrado, imaginando: serão meus traços tupiniquins, minha áurea brasileira. Imagine, eu mineiro com esse jeito de achar que somos a gente mais especial do mundo, aumentado pelo vigor de ser brasileiro fora do Brasil. Seria meu gingado, perguntei a ela:

- Como tu sabes chiquita?

- Por la voz!

Vejam só, pensando mil coisas e para meu ego, o som lusitano que me entregou. Mas bom saber que o português foi ligado diretamente ao Brasil e não a Portugal.

Conversamos pouco, muito pouco. O suficiente pra saber que ela tinha seus 15 anos e trabalhava com algo parecido com enfermagem para ajudar em casa. Não havia tempo para estudar (muito comum, não?). Não acredito que não perguntei seu nome. Ela se foi rápido, provavelmente a caminho do trabalho.

Será que era perto dali? E se fosse a hora do lanche, ela ficou sem comer? Ela deu seu tempo pra mim. Não sei se ela se lembra deste brasileiro, certamente não.

Espero que esteja bem.

De volta a volta

Olá a todos!

Depois de muito tempo, meus pensamentos e planos de bolso estão de volta.

Aquelas destinadas a serem canções ficam, ficaram ou ficarão conhecidas ou não, pelos dedos de Leopoldo Rezende, Davi Bretas ou Marcus Vinicius ou por quem não tiver a vergonha de "musicá-las".

O restante fica entre você e eu. Aqui por enquanto ficará tudo aquilo que não couber em 140 caracteres, textos novos e coisas que vou encontrando pela casa.

Este é meu plano de Bolso.