terça-feira, 1 de maio de 2012

O primeiro de maio que não deveria existir



Primeiro de maio de mil novecentos e noventa e quatro, domingo. Acordo cedo, como acostumado nos últimos três anos. Eu tinha só oito marços na vida. Meu pai não estava em casa, minha mãe fazia café e meu irmão dormia.

Estava na sala, esperando a terceira corrida de Formula 1 daquele ano. Senna era pole, como de costume, num ano não muito costumeiro, as duas primeiras etapas Senna não havia completado. O inicio da prova até a curva tamborelo todos lembram. Ligo pro meu pai que no dia trabalhava, não me dá muita atenção (ou não queria acreditar no que eu contava?).

Segunda-feira, aula suspensa, luto.

Quando tinha oito anos não queria ser um herói japonês ou de quadrinhos, queria ser o Senna. Rápido como Senna, empunhar a bandeira como Senna, levantar o troféu com o corpo todo em câimbras, como Senna. Todo mundo da minha geração queria ser um pouco Senna, meu pai queria, meu avó queria, talvez o mundo quisesse.

 O 1º de maio de 1994. Dezoito anos. Ainda acordo todo domingo, ligo a TV, minha mãe faz o café, meu irmão dorme, meu pai quase sempre está e como naquela vez eu peço sempre, que aquele carro com capacete amarelo não pare, que simplesmente, NÃO PARE!

Um comentário:

  1. Singelo e profundo. Maio para sempre comecará cinza e sem Senna.

    Igor Figueiredo

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