terça-feira, 6 de março de 2012

Para o dia das mulheres (baseado em fatos reais)



Ela já estava na sua melhor idade, com 7 filhos, 18 netos, filha única.

Não tinha dinheiro, não falava nenhuma outra língua além do português, mas queria por que queria morar em Nova York, pra ela uma cidade como outra qualquer, uma Belo Horizonte que cansa mais as pernas.

Argumentos a favor? praticamente nenhum, apenas o faça o que você tem vontade. Contra? Você não fala inglês, você está velha, você não tem dinheiro, você não conhece quase ninguém por lá e vai ter que passar por um frio danado.

Ela não escutou nenhum, Maria Zely como na música do Milton tinha um dom, uma certa magia, força de alertar, mulher que merece viver e amar como outra qualquer do planeta.

Com o visto e um punhado de dólares na mão ela foi a caminho do aeroporto. Passagens compradas pra embarcar num teco-teco prateado da American AirLines. Despedida e choro.

Quando se via o embarque, dava pra perceber tudo aquilo que só uma mulher de fato poderia fazer. Criar uma família gigante, preocupar com todos e  ainda manter uma força de olhar pra frente e encarar o novo como quem acorda pro banho.

Sim, ela foi, sem entender um "a" do que era falado e sem dinheiro. Viveu durante três anos em terras estrangeiras. Como fez com a grana? Trabalhou, pra andar? comparava as palavras escritas nas placas com as do mapa, a conversa? Isso até hoje não se sabe.

Coisas que só uma mulher de verdade conseguiria, voltou assumidamente por saudade, não por falta de força ou medo. Saudade, amava muito mais tudo o que estava aqui.

Maria Zely viveu Nova York e vive Belo Horizonte. VIVE!

A essa força e mania de ter fé na vida que só conheço em mulheres. Parabéns! Parabéns as todas que passaram, estão e aparecerão por aí pelo meu caminho. Através da história de Maria Zely, Parabéns a todas!

(*Maria Zely é minha avó e me fez desde pequeno ter um carinho supremo por mulheres de fato, que não se escondem por medo e que vivem pra viver).

4 comentários:

  1. Sensacional. Sua avó é demais, e olha que essa é só uma das histórias, rs... Porque tem muito mais caroço nessa feijoada! :) Vontade de viver sem dúvidas, de viver bem feito. Num é atoa que o neto é mochileiro... Peregrinação sanguínea.

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  2. De fato o fruto não caí longe do pé. Avó mochileira é pérola!

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  3. Muito lindo. Gostei demais do texto e da sua avó.

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